terça-feira, 27 de março de 2012

Salazar vai ser nome de zurrapa. Mas não foi sempre?...


A iniciativa do presidente da Câmara de Santa Comba de engarrafar um vinho com a marca ‘Memórias de Salazar’ é recebida por alguns com cautela. Rui Félix, reformado, desconfia da qualidade da pinga. "No concelho de Santa Comba, por causa da humidade excessiva, não há vinho capaz" – diz. 
Já Sérgio Viegas, proprietário de um café no centro da cidade, não está nada preocupado com a qualidade do tinto. É o que menos lhe interessa: "Pior ou melhor, o vinho há-de beber-se. Isto dos produtos com a marca de Salazar é bom para o comércio. Muita gente se calhar passa a vir cá para comprar recordações."


Pois ‘tá claro, afinal não há quem venda galos de Barcelos (provavelmente fabricados na China), como se fosse artesanato típico, no… Algarve?
E em Fátima, não se vendia até há pouco tempo uma "água milagrosa" que realmente acabava com a prisão de ventre num ápice? Então, se começarem a vender um vinho do Alentejo, ou do Douro, na terra do "rapa-tudo", onde é que está o problema?
Pior seria (e mesmo assim não viria mal ao mundo, afinal estamos numa “aldeia global”...), se desatassem a importar vinho da Califórnia, ou do Chile (porque não de Espanha?, sempre fica mais barato), para depois lhe colocarem o rótulo com a “fronha” do “orgulhosamente só”.
De maneira que das duas, uma:
  1. Ou vem aí (mais uma) zurrapa;
  2. Ou uma pinga com alguma qualidade, mas de outra região.
A verdade é que já não estamos nos tempos em que "beber vinho" era "dar de comer a um milhão de portugueses".
Muito menos os cinco litros por dia que, em média, bebiam os trabalhadores rurais (que eram a maioria da população) naqueles “gloriosos” tempos de fartura… de miséria, para conseguirem esquecer ou simplesmente aguentar as agruras de uma vida ganha a muito custo com uma enxada, em jornadas que duravam desde que o sol nascia até que se punha…
Ainda por cima, um produto com este nome não interessará senão a um nicho muito reduzido de mercado, os admiradores do velho ditador.
Para estes, a genuinidade do produto pouca importância deve ter, porque, com o discernimento toldado pela saudade, qualquer coisa serve para afogar as mágoas. Desde que faça efeito…
Parece que o Álvaro dos pastéis de nata também nasceu para aquelas bandas. Decididamente, continua a haver por ali pessoas decididas a mudar o rumo do País.
Com gente assim, está mais que visto, é uma questão de tempo…

Reforma aos 67 anos em 2030: com medidas destas, a crise tem os dias contados!

Cravinho defende idade de reforma nos 67 anos em 2030

Por mim, podia-se começar já pelo Cravinho: cancelavam-se as diversas reformas que, como político que é, deve ter, e obrigava-se este ex-combatente contra a corrupção (depois corrompido com um tacho no Banco Europeu de Investimento) a trabalhar mais uns anitos.
Isso é que era serviço!
Agora conversas de rigor e austeridade com a barriga (leia-se a conta bancária) cheia, não passa de conversa da treta, sem ofensa para o António Feio e para o Zé Pedro Gomes...

domingo, 25 de março de 2012

Camisa vermelha versus calça castanha

Napoleão Bonaparte, durante as suas batalhas, usava sempre uma camisa de cor vermelha.

Para ele era importante porque, se fosse ferido, na sua camisa vermelha não se notaria o sangue e os seus soldados não se preocupariam e também não deixariam de lutar.

Toda uma prova de honra e valor.

Mais de duzentos anos depois, Cavaco Silva usa sempre calças castanhas…

quarta-feira, 21 de março de 2012

Polícias, árbitros, camaradagem e honestidade

O que é que estes dois casos têm em comum?

1. GNR processa colega envolvido em acidente
O Ministério Público (MP) de Albufeira está a investigar uma queixa de um militar da GNR contra um colega envolvido no atropelamento de duas jovens, na madrugada da Passagem de Ano, em Albufeira. Ao que o CM apurou, o processo em curso em tribunal é relativo aos crimes de injúrias e abuso de poder.

2. Carlos Freitas pede explicações a Vítor Pereira devido aos testes físicos dos árbitros
No final do Gil Vicente-Sporting Carlos Freitas disse que chegou a altura de Vítor Pereira explicar o que se passou nos testes físicos do curso de árbitros que decorreu recentemente no Luso.

O que é que estes dois casos têm em comum?
Aparentemente, nada.
Mas na realidade há um pequeno pormenor que é comum aos dois.
No primeiro caso, um GNR ia a conduzir com os copos (1,65 g/l) na noite da passagem de ano e atropelou duas garotas.
Depois trocou com uma mulher, para fingir que ela é que ia a conduzir, mas parece que acabaram por lhe descobrir a careca.
E então ele ficou muito ofendido, porque queria que os colegas que tomaram conta da ocorrência lhe demonstrassem "camaradagem".
Essa "camaradagem", para ele, significaria talvez que não lhe fizessem o teste de alcoolemia, ou que o deixassem ir embora, não se percebe pela notícia do CM.
Seja como for, "camaradagem" para ele significa seguramente não querer assumir as responsabilidades por inteiro, colocando os seus próprios interesses à frente dos das miúdas atropeladas.
Numa palavra, significa "desonestidade".
E também "cobardia", já agora.

Vejamos agora o segundo caso, o dos "camaradas" árbitros:
O Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol decidiu, no dia 2 de Fevereiro, castigar o árbitro João Ferreira com três jogos de suspensão por se ter recusado a apitar um jogo do Sporting na segunda jornada.
O Paulo Baptista, nomeado para o substituir, também se recusou e apanhou dois jogos.
Agora, num curso que os árbitros fizeram, decidiram todos, obviamente por "camaradagem", dar uma volta ao campo a menos (14), enquanto "o roque e a amiga" cumpriram 15 voltas, recuperando assim, graças aos "fantásticos" regulamentos da arbitragem, os pontos que tinham perdido em consequência dos respectivos castigos.

As palavras "camaradagem" e "honestidade", em ambos os casos, são incompatíveis.
Cada uma impede a outra.
No primeiro caso, felizmente, prevaleceu a segunda.
No segundo caso, infelizmente, ganhou a "camaradagem".

Os protagonistas do primeiro caso são polícias.
Agentes da autoridade.
O polícia bêbado falhou duas vezes.
A primeira por conduzir sem estar em condições de o fazer, como infelizmente se confirmou com o triste atropelamento das duas jovens.
A segunda, para mim muito mais grave, por não querer assumir as responsabilidades.
Felizmente os outros polícias perceberam que mais importante do que a "camaradagem" é a "honestidade". Palavra, para mal dos nossos pecados, em desuso nos dias que correm.
Em consequência, o polícia prevaricador terá que ser assumir as consequências.
Final feliz, para um caso infeliz.
Pensando bem, o caso ainda nem sequer foi a julgamento, pelo que falar aqui de "justiça" é manifestamente prematuro.
A ver vamos, como diz o cego...

Os protagonistas do segundo caso são árbitros.
Agentes da autoridade, dentro dos campos de futebol.
Juízes.
Não lhes compete prender ninguém, mas têm uma missão ainda mais difícil, devido à grande exposição mediática e à "paixão" (outra palavra adulterada...) dos adeptos da bola.
Compete-lhes impedir que a "batota" se sobreponha à "justiça" nos jogos de futebol.
No recente Gil Vicente-Sporting, por exemplo, o Paixão, árbitro com um currículo deveras "assinalável", conseguiu bater todos os seus anteriores recordes: assinalou dois penaltis contra o Sporting num minuto (inédito, tanto quanto a minha memória alcança), o primeiro dos quais por uma mão que mais ninguém viu, fora da área e num lance em que o jogador do Sporting sofreu falta.
Voltando aos testes físicos dos "camaradas" árbitros, depois deste caso da "volta a mais", ainda haverá quem duvide da desonestidade dos árbitros?
Até aqui, havia sempre quem os defendesse (os mais beneficiados ou menos prejudicados pelas suas arbitragens, claro).
Mesmo quando os criticavam, tinham sempre o cuidado de salvaguardar a sua "honestidade".
"Erraram porque não sabem mais, não porque sejam desonestos".
E agora?
Quem faz uma batota destas, também é capaz de fazer outras, não?
Ou a palavra "batota" deixa de ser errada, se trouxer associada a palavra "camaradagem"?
Então e onde é que fica a palavra "honestidade", no meio disto tudo?

Veja as notícias completas:

1.º caso:
O caso polémico, tal como o CM noticiou na altura, deu origem a uma averiguação interna do Comando-Geral da GNR. No carro envolvido no acidente seguiam dois GNR e sobre um deles, alcoolizado, surgiram suspeitas de que ia a conduzir o carro. Teria depois trocado de lugar com uma mulher.
Os dois guardas estavam fora de serviço e seguiam no carro que atropelou Bianca Pinto e Ana Filipa Brito. Esta continua hoje a sofrer com as lesões (ver apoios). O automóvel só parou cerca de 60 metros à frente do local do acidente. Ao que o CM apurou, os militares na viatura acusaram 1,65 g/l e 0,41 g/l de álcool no sangue.
A queixa surge depois de um deles, H.R., que estaria muito exaltado, ter ofendido várias vezes os colegas que tomavam conta da ocorrência. "Espero que não vos encontre numa situação destas, aí a conversa é outra. Assim é que se vê a camaradagem", terá dito o militar, à civil, aos colegas de serviço, em tom de ameaça. O segundo guarda que ia no carro tentou acalmar o colega, mas em vão. Quando um dos GNR em serviço se preparava para transportar a alegada condutora ao centro de saúde , para fazer testes psicotrópicos e de álcool, com recolha de sangue, o militar à civil voltou a insultar os colegas. "Vocês são uns filhos da p..., vão para o c..., cab...", terá dito.
http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/nacional/portugal/gnr-processa-colega-envolvido-em-acidente 

2.º caso:
Na ação coordenada por Vítor Pereira e que reuniu os árbitros e árbitros assistentes de 1.ª categoria, os presentes decidiram “repor a justiça”, ou seja, deram aos árbitros João Ferreira, Paulo Baptista e Rui Patrício, e aos assistentes Pais António e Valter Pereira, os pontos que lhes foram subtraídos na sequência do castigo, a 2 de fevereiro, decidido pelo CD da FPF.
A melhor forma que os árbitros encontraram para contestar esta decisão foi a de no teste de corrida permitirem que os árbitros castigados tivessem pontuação máxima, cumprindo 15 das 10 voltas exigidas enquanto o pelotão corria apenas 14. A partir da 10.ª volta, cada percurso de 400 metros tem um bónus e foi desta forma que puderam recuperar os pontos perdidos aquando da penalização sofrida.
http://www.record.xl.pt/Futebol/Arbitragem/interior.aspx?content_id=747442

terça-feira, 20 de março de 2012

Pelo menos 23 homens foram mortos pelas suas mulheres

MOÇAMBIQUE: VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
Pelo menos 23 homens foram mortos, "agredidos com piladores e paus", pelas suas mulheres que eram vítimas de violência doméstica, na província de Tete, centro de Moçambique, disse à Lusa fonte governamental.
http://www.dn.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=2368074&seccao=CPLP&page=-1 


Olha se a moda pega...

O povo gosta de ser enganado...

Popularidade de Cavaco nunca foi tão baixa
O Presidente da República está a pagar caro o preço das suas intervenções. E já é o chefe de Estado com o menor apoio popular desde que há eleições.
***
Popularidade de Cavaco Silva a descer
***
A «queda» de Cavaco
A popularidade do presidente da república nunca esteve tão baixa

Et cetera...

Conclusão: este povo não sabe o que quer.
Por um lado, quer um presidente interventivo, não quer que Cavaco faça aquilo que ele faz melhor: NADA! Nada no discurso, nada nas acções.
Ou seja, o povo não quer uma "rainha de Inglaterra".
Por outro lado, quando ele fala é criticado e a sua popularidade desce a níveis nunca vistos.
Será culpa dele, porque na verdade não diz nada com jeito, ou nossa, porque só estamos bem a criticar?...
É como com a situação de bancarrota do País: os governos (principalmente os do Sócrates, que foram os últimos) é que têm a culpa, porque gastaram à tripa-forra.
No entanto, tem sido sempre assim que se têm ganho eleições, com promessas (aliás, raramente cumpridas), com facilitismos, criando ilusões de riqueza.
Lembram-se do oásis de Cavaco, traduzido em crédito fácil para comprar electrodomésticos, carros, casas e férias?
Pois é, foi nessa altura que se desbarataram muitos milhões de Bruxelas em jipes, no lugar de tractores (na agricultura) e de barcos (nas pescas), ou em formações da treta dadas por instituições privadas sem a mínima qualidade, no lugar de uma melhor educação pública, ou em obras públicas, grandes sorvedouros de dinheiro, como o CCB, as autoestradas, a ponte Vasco da Gama e a Expo 98, por exemplo, ou mesmo em hospitais enormes, mal concebidos e pior executados, tudo isto com desvios colossais em termos orçamentais.
Portugal passou a produzir menos e a consumir mais, importando muito mais.
Mas não fazia mal, porque íamos passar a ser um País de serviços. O turismo ia ser a nossa salvação...
Este descalabro começou com Cavaco, claramente.
Quem veio a seguir continuou e aprimorou, nomeadamente passando a importar mão-de-obra em massa (muitas vezes em condições miseráveis) para as grandes obras públicas, porque os portugueses tinham "estudos" (toda a gente fazia um cursozinho de computadores...) e não queriam ser operários. 
Os bancos, que agora se armam em vítimas, dizendo com o maior desplante que foram "obrigados" a emprestar dinheiro ao Estado, invadiram os media com doses maciças de publicidade enganosa, com créditos para tudo e mais alguma coisa, incentivando as pessoas a juntar no empréstimo da casa o respectivo recheio, um ou dois carros e férias na República Dominicana. Criaram as contas ordenado (com juros) e os cartões de crédito (com juros altos). Por fim, inventaram os malfadados créditos pessoais (com juros altíssimos), para pagar os empréstimos anteriormente contraídos.
Investimentos reproduzíveis, nicles, antes consumo até à náusea e endividamento galopante, público e privado.
Todos (ou quase...) caímos nessa, convencidos de que a torneira da Europa nunca fecharia.
Portugal tinha entrado no "clube dos ricos", ponto final.
Os emigrantes ficavam embasbacados, quando cá vinham de férias. Portugal já não era o paisinho paupérrimo e atrasado que eles tinham deixado a salto vinte ou trinta anos antes.
Viu-se...
Agora, que o sonho acabou, fazemos o que é habitual em nós: arranjamos um bode expiatório. Os políticos em geral, mais concretamente os governantes, esmiuçando, o Sócrates.
Mesquinho e rancoroso como sempre foi, também Cavaco enveredou por esse caminho, exibindo os mais baixos instintos humanos, tão característicos das sociedades primitivas: quando alguém é apanhado a roubar, todos lhe atiram pedras, incluindo aqueles que também roubam. Ou, dito de outra forma, "quando alguém está em baixo, até os cães lhe mijam nas pernas".
Encontrado o culpado, que só não linchamos na praça pública porque ele se pisgou (já agora, alguém é capaz de lhe perguntar de que é que ele vive, se não trabalha e não herdou fortuna?...), lavamos as mãos das nossas responsabilidades, como se não tivéssemos nada que ver com o assunto, e sentamo-nos à espera que a crise passe.
Só que desta vez vai demorar...

sábado, 17 de março de 2012

Os assaltos ao erário público são para continuar...

Artigo de opinião de Nuno Saraiva, DN:
"Pela primeira vez em muito tempo, Cavaco Silva tomou uma decisão acertada. [...] Ao enviar para o Tribunal Constitucional o diploma que criminaliza o enriquecimento ilícito, o Presidente da República fez o que se exige ao mais alto magistrado da Nação: defendeu e respeitou a Constituição e sinalizou as reservas que tem quanto a uma lei que "pode pôr em causa princípios essenciais do Estado de direito democrático".
Eis como a alegação de um princípio elementar do Direito, "in dubio pro reo", serve às mil maravilhas para proteger os bandidos que roubam para seu uso exclusivo a riqueza que devia ser de todos...

sexta-feira, 16 de março de 2012

Fait divers

Polémica na Assembleia da República, entre os "suspeitos do costume", PSD e PS, relativamente à comissão de inquérito do PBN
Estas notícias têm que ser dadas, claro. Mas trata-se das palhaçadas em que os nossos partidos políticos são useiros e vezeiros. O que conta em relação ao BPN é se, por uma vez, este desgraçado País consegue punir os bandidos de colarinho branco que nunca se cansam de nos roubar, ou se, como de costume, se faz um grande "show off" mas no final toda esta "bandidagem" se safa impunemente, com os milhares de milhões a salvo nas "offshores".


* * *

Portugal gastou 15 milhões em vacinas mas destruiu mais de metade (Lusa)
Portugal comprou dois milhões de vacinas contra a gripe A, por 15 milhões de euros, mas acabou por destruir mais de metade, que equivale a 9,7 milhões, segundo a sub-diretora geral da Saúde.


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Governo gastou 160 mil euros por mês em viagens (SAPO)
Entre Junho e Dezembro do ano passado, o governo gastou mais de 1 milhão de euros em deslocações ao exterior e despesas daí decorrentes, em mais de 240 viagens realizadas por ministros ou secretários de Estado. Em média, 160 mil euros e 34 viagens por mês.


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Sócrates em Paris: 'À grande e à francesa' (Correio da Manhã)
Sócrates gasta 15 mil euros/mês em Paris. O ex-primeiro-ministro que anunciou aos portugueses as medidas de austeridade que afectam hoje tanto as famílias como todos os sectores económicos nacionais, vive na capital francesa, num apartamento de luxo com renda mensal de sete mil euros. Pelo mestrado em Ciência Política paga mil euros/mês e pelo colégio do filho, quase 2200 euros/mês. Sem emprego nem poupanças que alguma vez tenha declarado ao Tribunal Constitucional, José Sócrates não sofre com a austeridade que anunciou. 
Será abusivo perguntar a este artista onde é que vai buscar este dinheiro? O princípio de direito "inversão do ónus da prova" pode continuar a servir para proteger bandidos?

* * *

Entretanto, a factura da electricidade pode aumentar mais 2% e o governo entretém-se a anunciar uma tolerância de ponto (só) no Natal...

quinta-feira, 15 de março de 2012

Vale Azevedo vigarizou governo britânico!

Ah! Ah! Ah!
Este gajo é um artista!
Vive num apartamento de luxo e pediu (e recebeu) apoio judiciário do governo britânico!
Isto é cómico!
Viva o português trafulha,  aldrabão e vigarista!
Os ingleses não sabem com quem se meteram!

"Governo britânico ajuda Vale e Azevedo a pagar a defesa contra extradição"


Nos tempos em que os estrangeiros nos invejavam...

Mas Amaro, radiante de se achar ali, numa praça de Lisboa, em conversação íntima com um estadista ilustre, perguntou ainda, pondo nas palavras uma ansiedade de conservador assustado:
— E crê vossa excelência que essas ideias de república, de materialismo, se possam espalhar entre nós?
O conde riu: e dizia, caminhando entre os dois padres, até quase junto das grades que cercam a estátua de Luís de Camões:
— Não lhes dê isso cuidado, meus senhores, não lhes dê isso cuidado! É possível que haja aí um ou dois esturrados que se queixem, digam tolices sobre a decadência de Portugal, e que estamos num marasmo, e que vamos caindo no embrutecimento, e que isto assim não pode durar dez anos, etc., etc. Baboseiras!...
Tinham-se encostado quase às grades da estátua, e tomando uma atitude de confiança:
— A verdade, meus senhores, é que os estrangeiros invejam-nos... E o que vou a dizer não é para lisonjear a vossas senhorias: mas enquanto neste país houver sacerdotes respeitáveis como vossas senhorias, Portugal há-de manter com dignidade o seu lugar na Europa! Porque a fé, meus senhores, é a base da ordem!
— Sem dúvida, senhor conde, sem dúvida, disseram com força os dois sacerdotes.
— Senão, vejam vossas senhorias isto! Que paz, que animação, que prosperidade!
E com um grande gesto mostrava-lhes o Largo do Loreto, que àquela hora, num fim de tarde serena, concentrava a vida da cidade. Tipóias vazias rodavam devagar; pares de senhoras passavam, de cuia cheia e tacão alto, com os movimentos derreados, a palidez clorótica duma degeneração de raça; nalguma magra pileca, ia trotando algum moço de nome histórico, com a face ainda esverdeada da noitada de vinho; pelos bancos de praça gente estirava-se num torpor de vadiagem; um carro de bois, aos solavancos sobre as suas altas rodas, era como o símbolo de agriculturas atrasadas de séculos; fadistas gingavam, de cigarro nos dentes; algum burguês enfastiado lia nos cartazes o anúncio de operetas obsoletas; nas faces enfezadas de operários havia como a personificação das indústrias moribundas... E todo este mundo decrépito se movia lentamente, sob um céu lustroso de clima rico, entre garotos apregoando a lotaria e a batota pública, e rapazitos de voz plangente oferecendo o Jornal das pequenas novidades: e iam, num vagar madraço. Entre o largo onde se erguiam duas fachadas tristes de igreja, e o renque comprido das casarias da praça onde brilhavam três tabuletas de casas de penhores, negrejavam quatro entradas de taberna, e desembocavam, com um tom sujo de esgoto aberto, as vielas de todo um bairro de prostituição e de crime.
— Vejam, ia dizendo o conde: vejam toda esta paz, esta prosperidade, este contentamento... Meus senhores, não admira realmente que sejamos a inveja da Europa!

Excerto d'«O Crime do Padre Amaro», 1879, Eça de Queiroz

quarta-feira, 14 de março de 2012

94% dos brasileiros querem mudar de emprego, diz pesquisa

Pesquisa realizada com 570 profissionais mostra que 94% deles desejam mudar de emprego ainda este ano. O estudo mostrou também qual a motivação desses profissionais: 57% têm intenção de mudar porque não enxergam possibilidade de crescimento na empresa em que trabalham atualmente, e 37% querem sair do atual cargo porque acreditam que o mercado está aquecido e reserva boas oportunidades, com remuneração mais atrativa. Dos 6% restantes, 5% dizem estar satisfeitos com a empresa na qual trabalham e 1% afirma não apreciar mudanças de emprego.

(Fonte: O Globo - 15/02/2012)

Por cá, 94% dos portugueses querem manter o emprego...

segunda-feira, 12 de março de 2012

O suposto artigo de Nicolau Santos: "Demita-se, senhor primeiro-ministro!"

Começou recentemente a circular pela net um artigo supostamente escrito por Nicolau Santos com o título acima, entre aspas.
Quando um amigo mo enviou por mail, confesso que achei estranho, por não me parecer linguagem do Nicolau Santos, e pesquisei um bocado, tendo encontrado no Expresso online o artigo que publico abaixo deste, esse sim, escrito pelo conhecido jornalista, não recentemente, com data de Outubro.
Publico aqui os dois e cada um que tire as suas conclusões.
As minhas são simples: os dois artigos têm razão no essencial, porque ambos criticam Passos Coelho por seguir acefalamente o que manda Merkel, aparentemente sem se aperceber que esse caminho está a destruir o País. Criticam também o primeiro-ministro por não estar a fazer o que prometeu na campanha eleitoral, o que, apesar de infelizmente se ter tornado hábito (e depois os políticos lamentam-se de que o povo não lhes reconhece credibilidade...), não deixa de ser uma atitude vergonhosa. Na verdade, isto significa que as campanhas eleitorais, com os respectivos balúrdios pagos pelo erário público, não são necessárias, porque não esclarecem ninguém. O "jogo democrático", já todos sabemos, implica a chamada alternância, ou seja: a cada uma ou duas legislaturas troca-se o PS pelo PSD e vice-versa. Assim sendo, basta que haja as eleições, mesmo (e de preferência) sem campanhas eleitorais, porque há que mudar as moscas, para que a m... possa continuar a ser a mesma.

Aqui vai então o suposto artigo de Nicolau Santos:

"Demita-se, senhor Primeiro-Ministro
Nicolau Santos, na sua habitual coluna do semanário Expresso, desnudava a alma, com estes termos: Sr. primeiro-ministro, depois das medidas que anunciou sinto uma força a crescer-me nos dedos e uma raiva a nascer-me nos dentes. Também eu, senhor primeiro-ministro. Só me apetece rugir!...
O que o Senhor fez, foi um Roubo! Um Roubo descarado à classe média, no alto da sua impunidade política! Por isso, um duplo roubo: pelo crime em si e pela indecorosa impunidade de que se revestiu. E, ainda pior: Vossa Excelência matou o País!
Invoca Sua Sumidade, que as medidas são suas, mas o déficite é do Sócrates! Só os tolos caem na esparrela desse argumento. O déficite já vem do tempo de Cavaco Silva, quando, como bom aluno que foi, nos anos 80, a mando dos donos da Europa, decidiu, a troco de 700 milhões de contos anuais, acabar com as Pescas, a Agricultura e a Indústria.
Farisaicamente, Bruxelas pagava então aos pescadores para não pescarem, e aos agricultores para não cultivarem. O resultado foi uma total dependência alimentar, uma decadência industrial e investimentos faraónicos no cimento e no alcatrão. Bens não transacionáveis, que significaram o êxodo rural para o litoral, corrupção larvar e uma classe de novos muitíssimo-ricos. Toda esta tragédia, que mergulhou um País numa espiral deficitária, acabou, fragorosamente, com Sócrates. O deficit é de toda esta gente, que hoje vive gozando as delícias das suas malfeitorias. E você é o herdeiro e o filho dileto de todos estes que você agora, hipocritamente, quer pôr no banco dos réus?
Mas o senhor também é responsável por esta crise. Tem as suas asas crivadas pelo chumbo da sua própria espingarda. Porque deitou abaixo o PEC4, de má memória, dando asas aos abutres financeiros para inflacionarem a dívida para valores insuportáveis e porque invocou como motivo para tal chumbo, o caráter excessivo dessas medidas.
Prometeu, entretanto, não subir os impostos. Depois, já no poder, anunciou como excecional o corte no subsídio de Natal. Agora, isto! Ou seja, de mentira em mentira, até a este colossal embuste, que é o Orçamento Geral do Estado.
Diz Vossa Eminência que não tinha outra saída. Ou seja, todas as soluções passam pelo ataque ao Trabalho e pela defesa do Capital Financeiro. Outro embuste. Já se sabia no que resultaram estas mesmas medidas na Grécia: no desemprego, na recessão e num deficit ainda maior. Pois o senhor, incauto e ignorante, não se importou de importar tão assassina cartilha. Sem Economia, não há Finanças, deveria saber o senhor. Com ainda menos Economia (a recessão atingirá valores perto do 5% em 2012), com muito mais falências e com o desemprego a atingir o colossal valor de 20%, onde vai Vossa Sabedoria buscar receitas para corrigir o deficit? Com a banca descapitalizada (para onde foram os biliões do BPN?), como traçará linhas de crédito para as pequenas e médias empresas, responsáveis por 90% do desemprego?
O Senhor burlou-nos e espoliou-nos. Teve a admirável coragem de sacar aos indefesos dos trabalhadores, com a esfarrapada desculpa de não ter outra hipótese. E há tantas! Dou-lhe um exemplo: o Metro do Porto. Tem um prejuízo de 3.500 milhões de euros, é todo à superfície e tem uma oferta 400 vezes(!!!) superior à procura. Tudo alinhavado à medida de uns tantos autarcas, embandeirados por Valentim Loureiro. Outro exemplo: as parcerias público-privadas, grande sugadouro das finanças públicas. Outro exemplo: Dizem os estudos que, se V. Ex.ª cortasse, na mesma percentagem, os rendimentos das 10 maiores fortunas de Portugal, ficaríamos aliviadinhos de todo, desta canga deficitária. Até porque foram elas, as grandes beneficiárias desta orgia grega que nos tramou.
Estaria horas, a desfiar exemplos e você não gastou um minuto em pensar em deslocar-se a Bruxelas, para dilatar no tempo as gravosas medidas que anunciou para Salvar Portugal!
Diz Boaventura de Sousa Santos que o senhor Primeiro-Ministro é um homem sem experiência, sem ideias e sem substrato académico para tais andanças. Concordo! Como não sabe, pretende ser um bom aluno dos mandantes da Europa, esperando deles compreensão e consideração.
Genuína ingenuidade! Com tudo isto, passou de bom aluno para lacaio da senhora Merkel e do senhor Sarkhozy, quando precisávamos, não de um bom aluno, mas de um Mestre, de um Líder, com uma Ideia e um Projeto para Portugal. O Senhor, ao desistir da Economia, desistiu de Portugal! Foi o coveiro da nossa independência. Hoje é, apenas, o Gauleiter de Berlim.
Demita-se, senhor primeiro-ministro, antes que seja o Povo a demiti-lo.

Tenho em mim todos os sonhos do Mundo.
(Fernando Pessoa)

O verdadeiro artigo de Nicolau Santos: "Uma raiva a nascer-me nos dentes"


Nicolau Santos (www.expresso)
12:01 Segunda feira, 17 de outubro de 2011

Sr. primeiro-ministro, depois das medidas que anunciou sinto uma força a crescer-me nos dedos e uma raiva a nascer-me nos dentes, como diria o Sérgio Godinho. V.Exa. dirá que está a fazer o que é preciso. Eu direi que V.Exa. faz o que disse que não faria, faz mais do que deveria e faz sempre contra os mesmos. V.Exa. disse que era um disparate a ideia de cativar o subsídio de Natal. Quando o fez por metade disse que iria vigorar apenas em 2011. Agora cativa a 100% os subsídios de férias e de Natal, como o fará até 2013. Lançou o imposto de solidariedade. Nada disto está no acordo com a troika. A lista de malfeitorias contra os trabalhadores por conta de outrem é extensa, mas V.Exa. diz que as medidas são suas, mas o défice não. É verdade que o défice não é seu, embora já leve quatro meses de manifesta dificuldade em o controlar. Mas as medidas são suas e do seu ministro das Finanças, um holograma do sr. Otmar Issing, que o incita a lançar uma terrível punição sobre este povo ignaro e gastador, obrigando-o a sorver até à última gota a cicuta que o há de conduzir à redenção.
Não há alternativa? Há sempre alternativa mesmo com uma pistola encostada à cabeça. E o que eu esperava do meu primeiro-ministro é que ele estivesse, de forma incondicional, ao lado do povo que o elegeu e não dos credores que nos querem extrair até à última gota de sangue. O que eu esperava do meu primeiro-ministro é que ele estivesse a lutar ferozmente nas instâncias internacionais para minimizar os sacrifícios que teremos inevitavelmente de suportar. O que eu esperava do meu primeiro-ministro é que ele explicasse aos Césares que no conforto dos seus gabinetes decretam o sacrifício de povos centenários que Portugal cumprirá integralmente os seus compromissos - mas que precisa de mais tempo, melhores condições e mais algum dinheiro.
Mas V.Exa. e o seu ministro das Finanças comportam-se como diligentes diretores-gerais da troika; não têm a menor noção de como estão a destruir a delicada teia de relações que sustenta a nossa coesão social; não se preocupam com a emigração de milhares de quadros e estudantes altamente qualificados; e acreditam cegamente que a receita que tão mal está a provar na Grécia terá excelentes resultados por aqui. Não terá. Milhares de pessoas serão lançadas no desemprego e no desespero, o consumo recuará aos anos 70, o rendimento cairá 40%, o investimento vai evaporar-se e dentro de dois anos dir-nos-ão que não atingimos os resultados porque não aplicámos a receita na íntegra.
Senhor primeiro-ministro, talvez ainda possa arrepiar caminho. Até lá, sinto uma força a crescer-me nos dedos e uma raiva a nascer-me nos dentes.

Ler mais: http://aeiou.expresso.pt/nicolau-santos-uma-raiva-a-nascer-me-nos-dentes=f681069#ixzz1otrxjDpd

quinta-feira, 8 de março de 2012

As religiões irmãs, sementes de violência

As três religiões abraâmicas, monoteístas, são, por ordem de aparecimento, o Judaísmo, o Cristianismo e o Islamismo.
O Judaísmo é a mais antiga das três e também, de longe, a que tem menos seguidores. Existe no Mundo um único país em que é maioritária, embora haja muitos judeus disseminados pela Europa e pela América, especialmente os Estados Unidos e o Canadá. Esse estado, Israel, deve ser (o Vaticano não conta, por não ser bem um país, apesar de ser um estado independente) o único país em todo o planeta que foi criado por motivos religiosos.
Esta religião tem uma característica absolutamente bizarra, que é o facto de os seus seguidores se considerarem «o povo eleito por Deus». Como se tivesse algum sentido haver um único Deus para toda a humanidade e esse Deus escolher precisamente «aquele» povo. De acordo com esta lógica, Deus terá dado aquele território aos Israelitas, de maneira que, mais de três mil anos depois e dois mil após terem de lá saído, decidiram reivindicá-lo.
O Judaísmo nunca conseguiu (nem tentou…) expandir-se, conquistar outras «almas». Fechou-se na sua concha, talvez por não ter grande coisa a oferecer. Os seus seguidores foram forçados à diáspora pelos romanos, diáspora essa que resistiu durante séculos e em 1948 deu finalmente origem a um estado independente, Israel. O mundo ocidental permitiu-o, não porque reconhecesse a legitimidade dessa suposta «dádiva» divina, mas por má consciência. Na verdade, os judeus foram sempre perseguidos pelos cristãos, com o argumento de que eles foram os responsáveis pela morte de Cristo. Essas perseguições culminaram com o Holocausto nazi, em que seis milhões de judeus foram assassinados. As primeiras grandes migrações para a Palestina começaram no século XIX, tendo continuado durante todo o século XX. No final da II Guerra Mundial, os judeus da Palestina tornaram-se particularmente agressivos relativamente aos ingleses, que administravam a região. Na tentativa de resolver o problema, os países ocidentais acabaram por possibilitar a criação de um estado judaico, convencidos (ingenuamente?) de que o convívio com os povos árabes daquela região seria possível. Tem-se visto…
Com o apoio dos EUA, onde, apesar de constituírem apenas três por cento da população (mesmo assim, mais do que em Israel), exercem imenso poder e influência (quem os critica é imediatamente rotulado de anti-semita), os judeus têm feito dos constantes conflitos com os árabes a principal razão (e suporte) da sua existência. À boa maneira das «Guerras Santas» cristãs da Idade Média, o nome de Deus é por eles invocado para «legitimar» a violência brutal que exercem sobre os seus vizinhos árabes, os quais sempre viveram e nunca saíram daqueles territórios.


O Islamismo, a mais recente das «três irmãs», foi criada pelo profeta Maomé há cerca de 1400 anos e rapidamente se expandiu por todo o mundo árabe, e não só, sendo nos nossos dias uma religião com quase tantos seguidores como o Cristianismo. A maioria dos países muçulmanos rege-se ainda hoje pelo livro sagrado do Islamismo, o Corão, na sua versão mais fundamentalista e radical, com práticas violentíssimas sobre as mulheres, a quem tratam pior do que ao gado (porque o gado vale dinheiro e as mulheres gastam-no...), bem como sobre os ladrões, a quem têm o hábito de cortar uma mão (ai se a moda pegasse por cá...).
Apesar de existirem quase tantos muçulmanos nos EUA como judeus, não têm de forma nenhuma a mesma importância e são mesmo olhados com desconfiança. Na perspectiva destorcida e primária de muitos americanos, cada muçulmano é um potencial terrorista. O mesmo se passa na Europa, onde também existem muitos milhões de muçulmanos. É claro que se põem a jeito, com as caricatas histórias que regularmente nos chegam da insistência na utilização das burkas, véus e vestidos muito largos pelas mulheres, da proibição das mesmas mulheres conduzirem automóveis, do barulho irritante que fazem os altifalantes com as suas ladainhas ou, ainda, dos conselhos que os imãs gostam de dar aos seus fiéis para que batam nas suas esposas quando elas «se portam mal».
O principal problema, no entanto (especialmente no Médio Oriente), não parece ser o Islamismo, mas sim o petróleo, o conflito israelo-árabe e os regimes autoritários (alguns dos quais apoiados pelos países ocidentais). A miséria em que a maioria das pessoas vive nestes países, associada à falta de esperança em melhorias conseguidas através da actuação política, são terreno fértil para os extremismos religiosos. Paradoxalmente (ou talvez não, os extremos tocam-se...) existe um «nacionalismo religioso» parecido na direita cristã nos EUA e judaica em Israel.


Finalmente, a religião com mais seguidores em todo o Mundo e também a dominante nos países ocidentais. A prática do Cristianismo, seja sob a forma católica, anglicana, protestante, ortodoxa ou outra qualquer, não tem nada que ver com a religião apregoada por Cristo. Por uma razão muito simples: Cristo apregoou a tolerância, a paz, a caridade e, principalmente, o AMOR AO PRÓXIMO! Quem é que ama, ou alguma vez amou, o próximo como a si mesmo neste Mundo? Quem é que dá a outra face quando é agredido? Sem falar na sentença de Jesus de que «é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no reino dos Céus». Ou seja, a fabulosa riqueza acumulada por alguns convive na «paz dos anjos» com a dramática miséria de muitos...


Conclusão: as religiões não são mais do que instrumentos nas mãos de gente ambiciosa, que através delas consegue manipular e dominar muitos milhões de crentes bem intencionados. Para mal dos nossos pecados, não passam de um (excelente) meio de que muitos líderes mundiais se servem para atingirem os seus fins, que são essencialmente RIQUEZA e PODER.

quarta-feira, 7 de março de 2012

A propósito da exportação do pastel de nata e da cavaca...

Através do blogue "Crónicas de um Matemático Exilado no Mundo"
(http://exiladonomundo.blogspot.com/2012/02/o-pastel-de-belem-e-cavaca.html)
chegou-me ao conhecimento que a multinacional americana KFC, além das asas de frango fritas, também vende na China (só?) pastéis de nata ou de Belém, como se pode comprovar na foto do mesmo blogue, que reproduzo com a devida vénia.
Como parece que os chineses não são muito dados aos produtos lácteos, nem aos ovos frescos, sugere o autor que para lá comecemos a exportar um doce menos perecível, como a cavaca. Já agora, quando exportarem a cavaca, levem também o... pois. Ninguém o queria, não é? Pois, outra vez.
A triste realidade é esta: se nós, por obra e graça do Espírito Santo, começássemos a exportar os nossos fantásticos doces por esse Mundo, e admitindo que eles tinham sucesso, em pouco tempo apareceriam as grandes cadeias internacionais de distribuição a "apropriar-se" das receitas e a vender esses produtos com muito mais sucesso do que nós próprios. O mesmo se aplica aos nossos enchidos ou queijos, em relação aos quais já o viajado Eça de Queiroz garantia (e com razão, digo eu) que se batiam com os melhores queijos franceses ou suíços.
Para produzir em larga escala, não temos dimensão. Restar-nos-ia, então, fazer uma boa divulgação destes e de tantos outros produtos de excelência que temos no nosso País e vendê-los como produtos "gourmet", a preços elevados. Esta sim, poderia ser uma boa opção, desde que não houvesse logo uns portugueses (e/ou estrangeiros, nomeadamente chineses, pois claro) a falsificar esses produtos e com isso a desqualificá-los irremediavelmente.
Isto faz-me lembrar uma pequena mercearia que visitei em Paris há mais de vinte anos, propriedade de um emigrante português, que vendia desde o bacalhau ao vinho tinto, passando pelas hortaliças, enchidos e azeite, até alguns doces. Tudo português, fresco e de boa qualidade. Para isso vinha cá ele todas as semanas, às vezes mais que uma vez, abastecer-se. Na altura, o homem tinha sucesso com o seu pequeno negócio, porque a melhor publicidade que existe, que é a "boca-a-boca" (salvo seja), funcionava eficazmente entre a vasta comunidade portuguesa radicada na cidade luz. Mais: os próprios franceses que, por acaso ou através de amigos lusitanos, iam tomando conhecimento da pequena e atravancada loja, também contribuíam significativamente para que o negócio corresse de vento em popa.
E é assim o negócio, quando tem sucesso: ou continua pequeno, com ênfase na excelência dos produtos, ou se amplia, compensando-se a inevitável perda de qualidade com um substancial aumento da... quantidade.
Há clientes para tudo.
Assim houvesse em Portugal gente com capacidade para divulgar os fantásticos produtos que por cá se fazem.

terça-feira, 6 de março de 2012

Rússia, Ieltsin, Putin, Abramovitch, comunismo, czarismo, democracia, estabilidade, petróleo, mafia...

“Observadores consideram que Putin foi beneficiado”
Este é o título da Visão.
“Afastado cenário de fraude eleitoral na Rússia”
E este o do Expresso.
Pelos vistos, não há unanimidade relativamente ao assunto...
O Putin era o delfim do Ieltsin. Seguiu e continua a seguir a sua política. O Ieltsin deu a independência a estados que nunca tinham sido independentes e que não tinham reivindicado essa independência. A maioria desses estados vive hoje sob ditaduras ou "democracias musculadas". A própria Rússia tem sido acusada disso em diversas ocasiões.
Uma coisa é certa: após a queda do comunismo, as riquezas russas, que antes eram propriedade do Partido Comunista e usadas essencialmente no armamento desmesurado, mudaram de mãos. Foram "privatizadas", eufemismo para significar que foram roubadas pela oligarquia entretanto instituída. Muitos desses oligarcas eram jovens de 20 ou 30 anos.
Um deles, o Abramovich, que no início da sua "carreira" conseguiu a proeza de desviar um comboio com dezenas de carruagens cheias de combustível destinado ao exército, comprou o Chelsea e já lá enterrou, segundo notícias recentes a propósito do despedimento do Vilas Boas, mais de 1.300 milhões de euros. A sua fortuna actual está avaliada em mais de 7.000 milhões de euros e, segundo os entendidos, aumenta de dia para dia por si só, sem que ele tenha que fazer nada por isso. Aliás, não deve fazer muito, porque está sempre "batido" nos jogos do seu (na verdadeira acepção da palavra) clube e as equipas inglesas jogam no mínimo duas vezes por semana.
Os russos, tal como no tempo do comunismo e antes, no tempo dos czares, continuam a viver na miséria e as suas enormes riquezas continuam a ser desbaratadas por meia dúzia de bandidos.
Apesar disso, o povo continua a votar no Putin, com ou sem fraudes, porque aprecia a “estabilidade”. Confesso que esta palavra, aplicada à política com o sentido de dar a maioria absoluta a alguém, de preferência repetidamente, sempre me fez confusão, na medida em que a estabilidade, na minha modesta opinião, não deveria ser um valor em si, mas sim um meio para conseguir alcançar coisas boas para todos.
Ora, será isso que está a acontecer na Rússia?

sexta-feira, 2 de março de 2012

Desemprego: de preocupação em preocupação... até ao descalabro final

Em Janeiro igualámos a Irlanda. Em Fevereiro, como se há-de ver, ultrapassamos a Irlanda e os 15%. Entretanto, Pasoss Coelho "acompanha a situação com atenção e preocupação", ou seja, um zero absoluto.
Relativamente ao desemprego jovem, ele já tinha pensado nisso (acompanhava com atenção e preocupação...), mas foi preciso a Comissão Europeia fazer alguma coisa para que cá se começasse a falar no assunto.
De qualquer forma, do que precisamos não é de diminuir o desemprego jovem, mas sim o desemprego. Aliás, é muito mais preocupante o desemprego entre as pessoas mais velhas do que entre os jovens. Ou não será?
Se o que aí vem forem subsídios às empresas para estágios com jovens, como é previsível, isso só contribuirá para aumentar ainda mais o desemprego entre os "não jovens", porque as empresas inevitavelmente substituirão os segundos pelos primeiros.
Do que precisamos é de políticas que permitam que se criem empresas e que estas empreguem mais pessoas.
Como? É simples: importamos quase tudo, então temos que começar, mais do que a exportar, a produzir o que importamos, para diminuirmos as importações. A começar pelo mais básico, os alimentos.
Certo, Cavaco? Foste tu quem começou a dar cabo disto, lembras-te? Trocaste o nosso tecido produtivo pelos fundos comunitários e disseste-nos que íamos passar a ser um País de serviços, não foi? Pois aqui tens o resultado...
Nasceste com o dito virado para a lua, essa é que é essa. O governo do bloco central, chefiado pelo Mário Soares, pôs as contas em ordem. Depois tu chegaste, acabaste com a coligação, ganhaste as eleições (como o PS as ganhará se daqui por um ano esta coligação cair) e governaste 10 anos em tempo de vacas gordas, recebendo os muitos milhões da Europa em troca da destruição do nosso tecido produtivo.
O povo, coitado, deslumbrado com o dinheiro fácil, convencido de que tinha entrado no clube dos ricos, deixou-te dar cabo disto tudo e alguns ainda hoje estão convencidos de que foste um grande primeiro-ministro. 
A agricultura quase acabou, mas isso até era bom, porque a terra não era fértil. Nas pescas, subsidiaste o abate de barcos. Tudo bem, nos países desenvolvidos as pessoas trabalham no sector terciário, não no primário. Portugal ia ser um País de serviços, não era? Na escola, os professores receberam ordens para passarem toda a gente, nada de chumbos, e Portugal passou a ser, da noite para o dia, um País de gente culta e letrada.
Depois, os governos do PS continuaram pelo mesmo caminho. O dinheiro da Europa continuava a entrar, havia que "deixar obra". Ainda hoje, quando se avalia o trabalho de um político, diz-se que ele tem "obra feita" (leia-se obra de betão).
Os bancos, em vez de financiarem a economia, as empresas, por forma a que estas se modernizassem, preferiram financiar as grandes obras públicas e as parcerias público-privadas, ao mesmo tempo que impingiram créditos até à náusea às famílias, contribuindo para o seu sobreendividamento e para o grande aumento das importações, já que a grande maioria dos bens de consumo vinha (e vem) de fora. A construção civil cresceu também desmesuradamente, a ponto de termos hoje em Portugal uma casa para cada duas pessoas, milhares e milhares delas desabitadas. Carros, ainda mais. Telemóveis, quase dois por pessoa. Só um cego é que não via que era uma questão de tempo até chegarmos a isto. 
O que vale é que o primeiro-ministro acompanha o aumento brutal do desemprego com atenção e preocupação. Estamos à beira do abismo, mas Passos Coelho está decidido a dar um passo em frente...