terça-feira, 20 de março de 2012

O povo gosta de ser enganado...

Popularidade de Cavaco nunca foi tão baixa
O Presidente da República está a pagar caro o preço das suas intervenções. E já é o chefe de Estado com o menor apoio popular desde que há eleições.
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Popularidade de Cavaco Silva a descer
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A «queda» de Cavaco
A popularidade do presidente da república nunca esteve tão baixa

Et cetera...

Conclusão: este povo não sabe o que quer.
Por um lado, quer um presidente interventivo, não quer que Cavaco faça aquilo que ele faz melhor: NADA! Nada no discurso, nada nas acções.
Ou seja, o povo não quer uma "rainha de Inglaterra".
Por outro lado, quando ele fala é criticado e a sua popularidade desce a níveis nunca vistos.
Será culpa dele, porque na verdade não diz nada com jeito, ou nossa, porque só estamos bem a criticar?...
É como com a situação de bancarrota do País: os governos (principalmente os do Sócrates, que foram os últimos) é que têm a culpa, porque gastaram à tripa-forra.
No entanto, tem sido sempre assim que se têm ganho eleições, com promessas (aliás, raramente cumpridas), com facilitismos, criando ilusões de riqueza.
Lembram-se do oásis de Cavaco, traduzido em crédito fácil para comprar electrodomésticos, carros, casas e férias?
Pois é, foi nessa altura que se desbarataram muitos milhões de Bruxelas em jipes, no lugar de tractores (na agricultura) e de barcos (nas pescas), ou em formações da treta dadas por instituições privadas sem a mínima qualidade, no lugar de uma melhor educação pública, ou em obras públicas, grandes sorvedouros de dinheiro, como o CCB, as autoestradas, a ponte Vasco da Gama e a Expo 98, por exemplo, ou mesmo em hospitais enormes, mal concebidos e pior executados, tudo isto com desvios colossais em termos orçamentais.
Portugal passou a produzir menos e a consumir mais, importando muito mais.
Mas não fazia mal, porque íamos passar a ser um País de serviços. O turismo ia ser a nossa salvação...
Este descalabro começou com Cavaco, claramente.
Quem veio a seguir continuou e aprimorou, nomeadamente passando a importar mão-de-obra em massa (muitas vezes em condições miseráveis) para as grandes obras públicas, porque os portugueses tinham "estudos" (toda a gente fazia um cursozinho de computadores...) e não queriam ser operários. 
Os bancos, que agora se armam em vítimas, dizendo com o maior desplante que foram "obrigados" a emprestar dinheiro ao Estado, invadiram os media com doses maciças de publicidade enganosa, com créditos para tudo e mais alguma coisa, incentivando as pessoas a juntar no empréstimo da casa o respectivo recheio, um ou dois carros e férias na República Dominicana. Criaram as contas ordenado (com juros) e os cartões de crédito (com juros altos). Por fim, inventaram os malfadados créditos pessoais (com juros altíssimos), para pagar os empréstimos anteriormente contraídos.
Investimentos reproduzíveis, nicles, antes consumo até à náusea e endividamento galopante, público e privado.
Todos (ou quase...) caímos nessa, convencidos de que a torneira da Europa nunca fecharia.
Portugal tinha entrado no "clube dos ricos", ponto final.
Os emigrantes ficavam embasbacados, quando cá vinham de férias. Portugal já não era o paisinho paupérrimo e atrasado que eles tinham deixado a salto vinte ou trinta anos antes.
Viu-se...
Agora, que o sonho acabou, fazemos o que é habitual em nós: arranjamos um bode expiatório. Os políticos em geral, mais concretamente os governantes, esmiuçando, o Sócrates.
Mesquinho e rancoroso como sempre foi, também Cavaco enveredou por esse caminho, exibindo os mais baixos instintos humanos, tão característicos das sociedades primitivas: quando alguém é apanhado a roubar, todos lhe atiram pedras, incluindo aqueles que também roubam. Ou, dito de outra forma, "quando alguém está em baixo, até os cães lhe mijam nas pernas".
Encontrado o culpado, que só não linchamos na praça pública porque ele se pisgou (já agora, alguém é capaz de lhe perguntar de que é que ele vive, se não trabalha e não herdou fortuna?...), lavamos as mãos das nossas responsabilidades, como se não tivéssemos nada que ver com o assunto, e sentamo-nos à espera que a crise passe.
Só que desta vez vai demorar...

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