quarta-feira, 13 de junho de 2012

Cambada de aldrabões!


Notícia do Correio da Manhã:
Governo não fecha cursos de Medicina
"A Ordem dos Médicos não deve ser corporativa e tentar diminuir o acesso dos jovens ao ensino da Medicina e dos jovens médicos às especialidades", afirmou ao CM o secretário de Estado adjunto da Saúde, Fernando Leal da Costa, garantindo que não vai deixar fechar cursos nesta área.
O governante sublinhou que o que o Governo quer é precisamente o contrário do que pretende a Ordem. "Queremos é que não haja nenhum corporativismo que encerre a profissão ao exterior", disse, sublinhando que, nesse sentido, o Governo tem vindo a aumentar os ‘numeros clausus’. "Não vamos consentir que eles sejam artificialmente encerrados", acrescentando que "o interesse nacional está acima do interesse corporativo". Leal da Costa frisou, no entanto, que para já também não vão abrir mais vagas nas universidades.
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Notícia da Rádio Renascença:
Bastonário gostaria de ver mais vagas em Medicina. "Há falta de médicos"
O bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, mostra-se desagradado com a decisão do Governo de manter o número de vagas para os cursos do ensino superior no próximo ano lectivo, incluindo para Medicina. 
“Há uma necessidade premente de aumento médicos para dar resposta às nossas necessidades de saúde”, sustenta, em declarações à Renascença. 
Se aumentasse o número de vagas, “maior seria a possibilidade de se conseguir atingir os níveis desejados” de médicos e necessidades supridas, acrescenta. 
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Mas o que é isto?
Pelos vistos, tanto o Governo como a OM estão de acordo com o aumento das vagas nos cursos de medicina.
Esta questão já é bem velhinha, há mais de vinte anos que se fala nisto.
Para o cidadão comum, há falta de médicos.
A culpa é da respectiva Ordem, que corporativamente o deseja, para que não lhes aconteceça qualquer coisa como aconteceu aos advogados, os quais, por serem tantos, acabam por ter dificuldade em ter trabalho.
A culpa também é do Governo, que nunca se consegue impor perante a força dos lobbies e das corporações, de forma a fazer prevalecer o interesse público.
Esta é, grosso modo, a minha percepção relativamente a este tema, tal como, julgo, a da maioria das pessoas.
Mas eis que no mesmo dia surgem, a propósito de uma louvável (e tardia...) decisão governamental de acabar com os cursos sem saídas profissionais, estas duas notícias absolutamente contraditórias.
Se estão ambas as instituições de acordo com o aumento do número de vagas para os cursos de medicina, óptimo, façam-no.
Agora que raio de informação é esta que nós temos em Portugal, que publica notícias destas sem confrontar os respectivos responsáveis?
Uma pessoa que leia apenas o CM fica com uma percepção completamente oposta à de outra que apenas ouça a RR.
Isto é só incompetência dos jornalistas, ou será também uma tentativa propositada por parte de uma ou das duas partes aqui em confronto, no sentido de confundir as pessoas?
C'um caraças...

3 comentários:

  1. A questão não é assim tão simples como a coloca, porque as verdadeiras faculdades de medicina estão superlotadas e mesmo após a licenciatura não há vagas nos hospitais para a formação obrigatória para se ser realmente médico. Há vagas a mais em medicina!

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    1. Uns dizem que há médicos a menos, outros dizem que o problema é a sua má distribuição pelo território nacional, com excessiva concentração nas grandes cidades e carência em zonas menos povoadas.
      O post pretendia evidenciar a contradição das notícias, o que, infelizmente, acontece muitas vezes.
      Já agora, também seria um bom serviço prestado aos cidadãos alguém efectuar uma boa investigação jornalística sobre este tema, para ficarmos todos definitivamente esclarecidos em relação a este problema: há ou não médicos a menos em Portugal? E se há, isso deve-se ou não a uma atitude corporativa da Ordem? É que compreende-se que as classes profissionais se unam e defendam os seus interesses, mas os interesses de todos os cidadãos devem ser prioritários...

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  2. A notícia da Renascença já foi, felizmente, corrigida.

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