quinta-feira, 28 de março de 2013

Sócrates e Cavaco são portugueses!

É sobejamente reconhecido que os portugueses gostam muito de dizer mal de tudo e de todos, mas não de assumir as suas próprias responsabilidades.

Também os jornalistas e os comentadores, que se mostraram indignados por o Sócrates não ter ontem admitido a sua responsabilidade na actual situação do País, não têm por hábito fazê-lo, pelo menos publicamente. Pelo contrário, são até muito senhores do seu nariz e dizem uma coisa e o seu contrário, em diferentes ocasiões, com a maior das tranquilidades, porque o que interessa não é a coerência, mas sim o comentário "no momento".
Dos políticos, em geral, nem vale a pena falar. Prometem muito antes das eleições e fazem depois o que querem ou o que acham que devem. E porque mentem eles? Porque "se dissessem a verdade, não eram eleitos". Ou seja, não interessa se um político é um grandessíssimo aldrabão, porque isso faz parte do "show". O povo gosta de espectáculo, gosta de ouvir coisas agradáveis, gosta, em resumo, de ser enganado.

Ontem o Sócrates, como português que é, lá atirou as culpas do resgate para cima de toda a gente, nomeadamente do Cavaco, do PSD, dos bancos, dos jornalistas... e apenas assumiu como erro próprio ter aceitado formar um governo minoritário em 2009. O resto foram erros de pormenor, porque "ninguém é perfeito e só não comete erros quem nada faz".

Mas o Cavaco é igual, ou pior, porque é político profissional – apesar de não o admitir, pensando que somos todos parvos... – há muito mais tempo e, que me lembre, nunca assumiu ter cometido um único erro na sua vida. É aliás célebre a sua frase: "nunca tenho dúvidas e raramente me engano", entre outras pérolas que ficaram para a (pequena) história da nossa democracia.

Voltando aos portugueses, reafirmo que nós também somos assim. E não deveríamos ser, na medida em que a primeira coisa a fazer para emendar um determinado procedimento incorrecto, seja ele qual for, é admiti-lo. A maioria de nós votou no Sócrates e no Cavaco, porque só assim é que eles poderiam ter sido eleitos por mais do que uma vez, como foram. Adorámos a "obra feita" por eles, enquanto havia dinheiro. Como adorámos a dos autarcas e dos presidentes das ilhas, por menos utilidade que essa obra tivesse e por mais dívidas que acarretasse.

Mas agora, que estamos finalmente confrontados com o erro colossal que foi este modelo de "desenvolvimento" baseado no betão e no alcatrão – assim como na destruição das nossas pescas, indústria e agricultura, por mais insípidas que estas fossem –, atiramos a responsabilidade para cima dos políticos que o executaram e tentamos enganar-nos a nós próprios, como se nada tivéssemos que ver com o assunto.

É muito fácil insultar o Sócrates (principalmente se ele estiver em Paris) e o Cavaco, que, enclausurado em Belém, a gozar as delícias de uma pré-reforma dourada, raramente reage.

Mais difícil, mas mais correcto, seria se todos nós, enquanto povo, assumíssemos as nossas responsabilidades colectivas, por termos sucessivamente caucionado estes políticos e estas políticas, e as nossas responsabilidades individuais, por termos querido acreditar que a Europa tinha feito de nós uns novos-ricos – apesar de não produzirmos riqueza para termos esse estatuto –, e por nos termos endividado tanto.

Enquanto assim continuarmos, estaremos mais longe de ultrapassar a crise e mais sujeitos a ter uma recaída quando esta finalmente passar.

terça-feira, 26 de março de 2013

Todos pecados, mas uns mais que outros


Pecado da preguiça – Nós, os «do sul», já tínhamos sido acusados pelos nossos «parceiros» alemães, no início deste «processo de ajustamento», de sermos preguiçosos. Segundo o «motor» da Europa, o nosso endividamento excessivo deve-se a sermos pouco amigos de trabalhar. Isto apesar de – segundo a OCDE e o Eurostat – trabalharmos mais do que os «virtuosos» alemães.
Pecado da inveja – Agora, foi o ministro das finanças daquele a que alguns já chamam o «Quarto Reich» afirmar que as «críticas à Alemanha devem-se a inveja». Esta acusação é, simultaneamente, mais difícil de provar e de desmentir do que a primeira, pelo que cada um ficará na sua. Por mim, não aceito uma nem outra. Preguiçosos e invejosos há-os por todo o lado, incluindo naturalmente na Alemanha.
Seja como for, não deixa de ser curioso que, dos sete «pecados mortais», as pessoas «importantes» e «bem-sucedidas» sistematicamente escolham estes dois para esfregar na cara de quem manifesta a sua indignação por haver no Mundo tanta desigualdade na distribuição da riqueza (os 2% mais ricos da população adulta detêm mais de 50% dos activos mundiais, enquanto os 50% mais pobres detêm apenas 1% da riqueza do planeta).
Como se apenas estes dois pecados devessem envergonhar as pessoas. É verdade que a luxúria surge, nos tempos que correm – mais tolerantes com as sexualidades – como um pecado menor. Mas que dizer da gula, da ganância e da soberba, tão características de quem tanto tem enriquecido desde o início da crise (o dinheiro não desapareceu, apenas mudou de mãos…)?
E quanto à ira, que cada vez mais se vai apoderando da maioria que tanto tem empobrecido em consequência dessa mesma crise?

GULA - Vício de comer e beber em excesso.
AVAREZA - Ganância, apego excessivo e descontrolado pelos bens materiais e pelo dinheiro.
LUXÚRIA - Desejo passional e egoísta pelos prazeres sensuais e materiais.
IRA - Sentimento intenso e descontrolado de raiva, ódio ou rancor, que pode ou não gerar desejo de vingança.
INVEJA - Desejo de possuir algo que outra pessoa possui ou de usufruir de uma situação semelhante à de outrem.
PREGUIÇA - Aversão ao esforço e ao trabalho.
SOBERBA - Atitude sobranceira, arrogância, vaidade ou orgulho.

quarta-feira, 13 de março de 2013

terça-feira, 12 de março de 2013

Vergonhas de Portugal

A corrupção, que mina o Estado, enriquecendo parasitas e empobrecendo o País;

A nossa (in)justiça, forte com os fracos e fraca com os fortes;

Mas acima de tudo, a maneira como tratamos os nossos velhos, despejando-os em lares sem um mínimo de condições, enquanto o Estado, a quem competia tomar conta deles, se demite ESCANDALOSA e VERGONHOSAMENTE das suas responsabilidades!