terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Não é escurinho, é preto!


O nosso país está cheio de ladrões, desde os governantes aos empresários das PPP e de outras grandes negociatas com o Estado, e ninguém se indigna;
O FMI, a União Europeia e a Alemanha estão a tentar (e a conseguir...) rebentar com isto tudo, e ninguém se indigna;
Todos os dias morrem milhões de pessoas em todo o mundo (incluindo muitas crianças), pretas, brancas e amarelas, com fome, com falta de água potável e de de cuidados médicos, e ninguém se indigna;
Há pessoas que vão à missa ao domingo, fingir que são muito católicas, e que passam o resto do tempo a roubar cada um, e ninguém se indigna;
O homem mais rico de Portugal (e da Holanda, não?...) "indigna-se" por ter um pacemaker pago pelo Estado e ninguém se indigna por ele não dar alguns dos seus muitos milhões para ajudar o cada vez maior número de portugueses que nem para comer têm...
Mas o Arménio chama escurinho ao preto chefe do FMI que nos tem andado a destruir a economia e TODA A GENTE SE INDIGNA!
Se chamar preto a um preto é racismo, como se deverá então qualificar as teorias e, principalmente, as práticas, que apregoam a superioridade de um grupo racial sobre os outros, preconizando a separação destes dentro de um país ou visando o extermínio de uma minoria?
Devia haver limites para a hipocrisia, mas infelizmente não há...

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Ainda e sempre, a porca da política...


Tirado do «Económico» de hoje:

«Álvaro Beleza, coordenador do PS para a área da Saúde, afirmou que a ADSE é um sistema injusto e que se deve acabar com os subsistemas de saúde, mas gradualmente, porque o SNS não está preparado para receber 1,3 milhões de pessoas que têm ADSE, o que também criaria grandes dificuldades aos hospitais privados.
O pai do SNS, António Arnaut, mostrou-se favorável ao fim progressivo da ADSE e Correia de Campos, antigo ministro do PS e voz respeitada na área da Saúde, também veio defender a substituição da ADSE por um novo mecanismo.
O presidente do Hospital de S. João, António Ferreira, mostrou que, em 2011, aquele subsistema teve uma despesa total de 861,3 milhões. Como as contribuições das entidades empregadoras foi de apenas 221,5 milhões, o défice real da ADSE em 2011 foi de 639,8 milhões de euros. Os números são claros, como clara é a injustiça do sistema e a necessidade de o reformar. O País tem de acabar com todos os subsistemas, até porque uma grande parte dos funcionários da Administração Central do Estado não tem direito à ADSE por ter contratos individuais de trabalho e, ao mesmo tempo, muitos funcionários públicos têm direito a dois e, por vezes, três sistemas pagos pelo Estado, que o mesmo é dizer por todos nós.»

Do «Correio da Manhã» do dia 11:

«A Inspeção-Geral de Defesa Nacional (IGDN) descobriu o pagamento ilegal de quase 13 milhões de euros em despesas de saúde de familiares de militares inscritos ao arrepio da lei no sistema de saúde das Forças Armadas. Como "foram identificadas situações passíveis de configurar eventuais responsabilidades financeiras", a manutenção da inscrição, após esta ter sido declarada ilegal pela IGDN e a Inspeção-Geral de Finanças em 2008, gera suspeita de fraude.
A despesa ilegal, de 2008 a outubro de 2011, foi paga pelo Instituto de Acção Social das Forças Armadas (IASFA), que gere a Assistência na Doença dos Militares (ADM). E dirá respeito a gastos de quase 12 mil beneficiários que, trabalhando no setor privado, descontavam para a Segurança Social e não para a ADM.
No centro deste caso está um protocolo, de 2007, entre o IASFA e a atual Autoridade Central do Sistema de Saúde (ACSS). E que visava a "inscrição na ADM, como beneficiários protocolares, dos cônjuges ou equiparados dos militares das Forças Armadas que efetuassem descontos para a Segurança Social em resultado do exercício da atividade privada".
A auditoria revela que o protocolo foi denunciado pela ACSS, no final de 2010, "implicando a sua não renovação para 2011, contudo, os ramos das Forças Armadas continuaram a inscrever novos beneficiários ‘protocolares'".»

Conclusões:

1. Confirma-se que Portugal é um país de corruptos, oportunistas e bandidos.
2. Confirmar-se-á, se tudo decorrer dentro da normalidade, que a nossa justiça é terceiro-mundista, pois provavelmente ninguém será preso e muito menos o Estado indemnizado.
3. Confirma-se que Portugal é um país profundamente desigual - neste caso entre (alguns) servidores do Estado, que têm acesso a uma saúde de luxo paga por todos, e os outros, que têm uma saúde (cada vez mais) de lixo.
4. Confirma-se que esta chocante desigualdade não causa engulhos a ninguém, desde o Presidente da República - que se preocupa mais com as suas próprias reformas, que considera insuficientes, apesar de totalizarem cerca de dez mil euros, e de ter «cama, mesa e roupa lavada» - aos próprios cidadãos - que sempre a aceitaram... -, passando pelo próprio Tribunal Constitucional - que nunca se pronunciou sobre ela, apesar de ser manifestamente inconstitucional - e, claro, por TODOS os partidos - que nunca se manifestaram contra esta gritante injustiça social, como, aliás, nunca o fizeram relativamente a tantas outras regalias de que gozam os funcionários públicos, como o horário de trabalho mais curto, a impossibilidade de serem despedidos, ou a garantia do salário ao fim do mês.
5. Perante esta trapalhada do PS, cuja posição oficial continua a ser - apesar do que disseram três dos seus principais especialistas nas questões da saúde - favorável à continuação da ADSE, segundo José Lello, porque «a maioria dos funcionários públicos são eleitores do PS», confirma-se que o PS não vai levar o meu voto nas próximas eleições. Mas, como nenhum partido - nem sequer o PSD, que se tem comprazido em destruir tudo e mais alguma coisa - é a favor da criação de um SNS único e igual para públicos e privados, está-me a parecer que, nas próximas eleições - se lá chegar(mos) -, vou engrossar as fileiras do "maior partido": o dos abstencionistas.
Por muito que me custe. E custa, porque me lembro sempre dos tempos em que a maioria das pessoas não podia votar. Será para isso que caminhamos novamente?...

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Estes americanos são loucos!

Ocorreu hoje mais um tiroteio numa escola americana, na sequência do qual dois estudantes ficaram feridos. O atirador foi detido. Surpreendentemente, não morreu ninguém.
Entretanto, os americanos, em nome do direito à auto-defesa, andam a discutir se devem restringir a venda e uso de armas ou se, pelo contrário, devem fornecê-las às crianças para que estas se possam defender...
"A well regulated militia, being necessary to the security of a free state, the right of the people to keep and bear arms, shall not be infringed."
Qualquer coisa como:
"Sendo necessária à segurança de um Estado livre a existência de uma milícia bem organizada, o direito do povo de possuir e usar armas não poderá ser impedido."
Trata-se da Segunda Emenda à Constituição dos Estados Unidos, em nome da qual toda a gente, excepto os tontinhos e os crimin cadastrados, podem andar armados.
Esta Constituição foi aprovada em 1788 e as dez primeiras Emendas, que formam a Bill of Rights (Lei dos Direitos), foram introduzidas em 1791.
E ainda há quem diga a nossa Constituição, que entrou em vigor em 1976 e já sofreu sete (7) revisões, a última das quais em 2005, está datada!

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Sporting: rebaldaria total


O Ismailov deu uma entrevista a dizer que espera ser campeão este ano. Quem está no Porto, como se costuma dizer, arrisca-se a isso. Ou seja, quando um jogador de futebol abre a boca, normalmente diz banalidades. A novidade está no facto de o (ex?) jogador ter falado em... inglês, apesar de estar em Portugal há quase seis anos. 
Duas notas:
1. Se o empenho do Ismailov em jogar no Sporting tiver sido idêntico ao demonstrado na aprendizagem da língua portuguesa, está explicado porque é que jogou tão pouco.
2. Se o Sporting não consegue sequer motivar os seus jogador estrangeiros para que aprendam a nossa língua, está explicado porque é que eles rendem tão pouco dentro do campo.
Bem sei que em Portugal fazemos muito gosto em falar com quem nos visita na respectiva língua, ou, no mínimo, em inglês. Mas, que diabo, uma coisa é a hospitalidade, que nos fica muito bem, e outra é um jogador estar meia dúzia de anos no nosso país - com todo o tempo livre que os jogadores de futebol têm - e nem se dignar aprender a falar português.
Além de ser uma grande demonstração de preguiça e/ou de burrice, é também uma enorme falta de respeito para com este país que tão bem acolhe estes artistas.
Muito melhor, aliás, do que aos jogadores nacionais, que, por este andar, qualquer dia nem na Selecção terão lugar...

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Não é sobre, é SOB!



Como é que Portugal quer fazer um (des)acordo ortográfico com o Brasil, se o principal problema da língua portuguesa não é, nem nunca foi, a questão das consoantes mudas, que não fazem nem nunca fizeram confusão a ninguém - olha se os ingleses e os franceses se lembrassem de eliminar as letras que não pronunciam! -, mas sim o facto de a maioria dos seus falantes não a saber utilizar correctamente?
Não acredito que o Eduardo Barroso não saiba a diferença entre SOB (debaixo) e SOBRE (por cima). O Paulo Bento ainda vá que não vá, que não deve ter estudado (nem lido) muito, agora um "sôtor"/cirurgião/presidente, ná. Resta portanto a possibilidade de o ignorante ser o jornalista d'«O Jogo» que escreveu esta notícia.
Nesta possibilidade, sinceramente, não me custa nada acreditar. Porque se o jornalismo, em geral, anda pelas ruas da amargura, com as dificuldades financeiras a obrigarem as empresas a despedir os bons - mais caros - para contratarem "maçaricos" - ao preço da chuva -, o jornalismo desportivo se calhar ainda está pior, porque não passa de um jornalismo de segunda categoria, cujos profissionais mais não fazem do que alimentar o facciosismo dos adeptos para venderem o seu peixe.
Em vez de ensinarem as pessoas a falar e escrever sem erros, os "iluminados" linguistas de cá e de lá preferiram a fuga para a frente de inventar um (des)acordo de "uniformização" da língua portuguesa - parece que por causa de uns "documentos oficiais da ONU"... -, em que continuam a existir montes de palavras que se podem escrever com ou sem consoantes mudas - conforme cada pessoa decida ou não pronunciá-las... -, com ou sem hífenes e ainda com a invenção desta aberração que é terem feito desaparecer algumas das tais consoantes do português de Portugal, enquanto as mantiveram no português do Brasil.
Pobre língua, tão linda e tão maltratada...

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Quanto valem as palavras de Cavaco?


A propósito do discurso do Presidente da República, apetece-me fazer alguns comentários.
O primeiro é que não o ouvi, porque há muito tempo que considero que não vale a pena. Cala-se quando deveria falar e quando fala só diz banalidades.
Seja como for, como os nossos media acham que não há neste desgraçado país nada mais importante para fazer do que comentar banalidades - sejam de quem for e, por maioria de razão, do nosso "prusidente" -, qualquer pessoa minimamente atenta ao que a rodeia não consegue evitar ser matraqueada com a verborreia de tantos (pseudo) jornalistas e comentadores e, sendo assim, já me feriram os ouvidos dezenas de vezes alguns trechos do tal discurso.
As palavras do homem que disse que nunca se enganava e raramente tinha dúvidas; que se insurgiu contra umas supostas forças de bloqueio; que se queixou de que não o deixavam trabalhar; que dedica dez minutos por dia à leitura de jornais, porque tem mais que fazer; que criou o monstro que mais tarde abominou; que desejou a morte dos funcionários públicos para assim o Estado poder deixar de lhes pagar; que afirmou que os agentes políticos incompetentes expulsam os competentes, apesar de ser o político com mais anos de exercício depois do 25 de Abril; que acreditou (?) nas palavras de Dias Loureiro de que nada tinha feito de  ilegal no grupo SLN; que insinuou que o Sócrates lhe andava a vasculhar nos computadores; que já disse umas trezentas vezes que Portugal está numa situação insustentável, mas que apesar disso nada faz para o evitar; que afirmou, acerca das escandalosas mais valias que recebeu dos seus amigos do BPN, que terá que nascer duas vezes quem quiser ser mais honesto do que ele; que acha que os 800 euros que a mulher recebe de reforma (obviamente, porque não trabalhou/descontou para mais) não lhe chegam para viver, tendo ele que a sustentar (enquanto espera que morra?...); que há dois anos dizia que havia limites para os sacrifícios que se podem exigir ao comum dos cidadãos; que achava que o corte dos subsídios de férias e de Natal dos funcionários públicos e dos pensionistas era uma violação básica da equidade fiscal e que, depois disso, promulgou dois orçamentos que os cortam; que fica extasiado com o suposto sorriso de umas vacas a pastar, ao mesmo tempo que cada vez mais pessoas passam fome; que se queixa de que dez mil euros não lhe chegam para viver, apesar de ter cama, mesa e roupa lavada (e carro e motorista, e segurança e carradas de ajudantes pagos por nós...); as palavras desta personagem tragicómica, realmente, não valem grande coisa.
E menos ainda valem os seus actos...