quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Grândola vila morena, pois claro!

O professor Marc(t)elo, no seu habitual palanque dos domingos, sugeriu ao PSD, a propósito da contestação de que os ministros estão a ser ultimamente alvo, que pusesse os "jotinhas" a enfrentá-la.

Três dias depois, na faculdade em que dá aulas, lá apareceram os futuros Relvas e Coelhos a impedir os "grandoleiros" de entrar na sala, garantindo assim que os militantes do PSD pudessem discutir tranquilamente os cortes de 4 mil milhões.

À saída do debate - certamente muito enriquecedor -, respaldado nas dezenas de putos ansiosos por mostrar serviço - talvez ainda haja vagas para consultores especialistas pagos a peso de ouro... -, nas duas ou três carrinhas da polícia de choque/intervenção e numa data de gorilas à civil, o primeiro-ministro enfrentou "corajosamente" os manifestantes, evitando a saída pela porta dos fundos de outras ocasiões. 

Ao lado, comentando os acontecimentos para quem quer que lhe pusesse um microfone à frente, lá estava o professor a explicar que os putos deveriam ter saído à frente - é preciso explicar tudo tintim por tintim, dass!... -, para evitar o contacto (mais ou menos) directo do primeiro-ministro com os estudantes contestatários.

O Marcelo é professor, jurista, conselheiro de estado, comentador de tudo e mais alguma coisa, nomeadamente de política e de futebol, e político, na medida em que é militante do PSD e seu ex-presidente, bem como ex-autarca. Ah!, não sei se também se considera jornalista, mas se não é já foi.

Um verdadeiro sabe-tudo, tirando o que não sabe. Como, por exemplo, porque é que os excrementos dos cabritos são umas bolinhas, as vacas largam placas de bosta e os cavalos umas bolas bem grandes, apesar de comerem todos erva. Ou, como diria o garoto da anedota, "não entende de merda nenhuma".

Seja como for, o certo é que, mais uma vez, foi um comentador "outsider" a anunciar aos portugueses uma decisão do governo. Desta vez, convocar civis da situação para enfrentar civis da oposição.

Nada tenho contra quem se manifesta cantando a Grândola. É preferível fazê-lo desta maneira do que "à espanhola", ou "à grega". Ou não?

Apenas gostaria que os manifestantes fossem em maior número - mas quê?, não apetece sair do sofá...-, bem como que cantassem um pouco melhor esta canção tão simbólica.

Quanto às pessoas que têm barafustado contra esta original forma de protesto, são elas:

1. gente "importante", desde comentadores encartados a políticos... do PS(!), delirantemente preocupados com uma suposta "falta de liberdade de expressão" dos governantes;

2. o homem mais rico de Portugal - e, certamente, da Holanda... -, que, depois de ter tentado transformar o "dia do trabalhador" no "dia do consumidor", veio agora, cheio de razão, dizer que "não basta protestar, é preciso apontar soluções";

3. alguns grandolenses, preocupados com "o excessivo desgaste e consequente perda de significado" da imortal canção do Zeca.

Enfim, como diz o Pedro Barroso, "quem não gosta, não gaste, deixe ficar".

Por enquanto, ainda estamos numa democracia. 

Seja lá isso o que for...