quinta-feira, 28 de junho de 2012

O Cristiano é humano, afinal... Viva Portugal!

Custa sempre perder, mas esta é a forma como custa menos, porque foi na lotaria dos penaltis. Em duas horas de jogo, a Espanha campeã europeia e mundial não nos conseguiu vencer. Aliás, nessas duas horas, e apesar de algum ascendente no início e principalmente no prolongamento (pronto, o banco deles é melhor...), fez apenas um remate direito à baliza, que o Rui Patrício defendeu bem, como lhe competia. Claro que nós também não fizemos nenhum remate direito à baliza, o que é um bocadinho mau, mas isso não apaga o excelente jogo que fizemos.
Do Hugo Almeida não vale a pena falar, que não sabe mais. Mas aquele  falhanço escandaloso do Cristiano Ronaldo à beira dos 90 minutos foi uma pena. Não é por isso que ele deixa de ser um grande jogador, mas, como se costuma dizer em futebolês, os grandes jogadores vêem-se nos grandes jogos e a verdade é que ele falhou... Não foi o homem do jogo e provavelmente do Europeu (e do Mundo) porque não conseguiu marcar aquele golo. Ainda hoje, ao ver o golaço do Balotelli me voltei a lembrar disso. (Entretanto, a Alemanha foi à vida, como já tinha ido a outra equipa maravilha deste Europeu, a Rússia. Sem esquecer a Holanda, que era uma maravilha "antes" de o Europeu começar...)
Voltando ao colectivo, pela primeira vez (as quatro batatas que lhes enfiámos há ano e meio foram a feijões) vi uma equipa a combater com sucesso o habitualmente tão eficaz jogo espanhol, o célebre tiqui-taca, transformando-o num verdadeiro taco-a-taco! (Aprende Mourinho...) Com isso ganhou o jogo, como sempre ganha quando é disputado como deve ser: por duas equipas e não com uma a jogar e a outra a correr atrás da bola.
Nos penaltis (um bocadinho de má-língua), o Cristiano Ronaldo nem chegou a marcar, não sei se por falta de confiança para marcar logo de início, já que falhou dois recentemente, ou se por causa das suas enormes peneiras o terem levado a querer ser o quinto para poder ser "ele" o marcador do golo decisivo. Os melhores marcadores devem ser os primeiros a marcar, para dar confiança. Assim fez o Nani, que marcou o penalti mais bem marcado de todos os nove. O Cristiano, mais uma vez, perdeu uma grande oportunidade. Paciência, outras virão. Espero que também na selecção e não apenas no Madrid. É que já estou farto das alegrias dos espanhóis à custa dos portugueses. Até porque depois eles se acham sempre superiores, apesar de a história (desde Aljubarrota até ao recente resgate que também tiveram que pedir) demonstrar que não o são.
Viva Portugal!

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Apesar de tudo, o verde (ainda) é a cor da esperança…

Como todos sabem, os clubes portugueses, seguindo o exemplo do País, têm vivido desde há muito acima das suas possibilidades, acumulando alegremente passivos colossais, que actualmente são da ordem das centenas de milhões de euros, com especial relevo para os três grandes.
Na verdade estão completamente falidos, mas estranhamente continuam a gastar como se não houvesse amanhã.
O Sporting – de longe a maior potência nacional e uma das maiores do mundo ao nível da formação de jogadores – deixou, por força dos péssimos resultados desportivos das últimas épocas, de conseguir vender as suas maiores pérolas, pela simples razão de que não as tem.
Muitas dessas pérolas estão na nossa selecção. Dos 23 jogadores presentes no Europeu, dez (10) foram “feitos” no Sporting: Rui Patrício, Beto, Hugo Viana (em substituição de Carlos Martins, também formado em Alvalade…), Moutinho, Custódio, Miguel Veloso, Cristiano Ronaldo, Nani, Quaresma e Varela.
Destes, apenas o Patrício ainda lá está. Por enquanto…
O último a sair – o Moutinho – já foi, aliás, uma demonstração inequívoca do empequenecimento do clube – ou dos seus dirigentes, o que vai dar no mesmo… –, uma vez que foi vendido directamente a um adversário, coisa sem paralelo na história do nosso futebol.
A venda de jogadores, não sendo nunca do agrado dos adeptos, permite no entanto o encaixe de alguns milhões de euros que, se não são suficientes para equilibrar as contas – para isso seria necessário, no caso do Sporting, descobrir petróleo em Alvalade, já que os chineses e/ou os angolanos não há meio de se chegarem à frente… –, tinham pelo menos o condão de ir tapando alguns dos muitos buracos que por lá existem.
Ora, se o Sporting já era “acusado” de vender prematuramente as suas maiores promessas, com o duplo prejuízo de não as rentabilizar ao máximo, nem em termos desportivos nem financeiros, o que dizer agora, que passou a dedicar-se ao “tráfico de menores”, tentando desesperadamente “vendar” miúdos dos juniores por meia dúzia de patacos?
Entretanto, o Porto continua a recusar vender o seu melhor jogador, o Hulk, numa tentativa, que provavelmente será bem sucedida, de fazer subir o seu preço.
Depois, para o substituir, basta-lhe examinar a longa lista de jovens jogadores formados em Alvalade e “despachados” pelo clube verde-branco, para conseguir reforçar o seu plantel com alguma pérola que por aí ande escondida, a exemplo do que sucedeu com o Silvestre Varela (só por curiosidade, o Pepe também esteve à experiência no Sporting antes de ir para o Porto).

terça-feira, 19 de junho de 2012

E os verdadeiros culpados pela crise são...

Os banksters.
Que é isso, perguntarão os mais distraídos.
Uma mistura de banqueiros com gangsters.
Faça favor de conferir:
Embora nesta altura do campeonato ainda seja políticamente incorrecto dizê-lo (soa muito a cassete da extrema esquerda, reconheço), lá chegaremos.
Claro que é mais fácil "matar o mensageiro" do que admitir que as coisas são mesmo assim.
O artigo de Paulo Morais é tão claro que não vale a pena dizer mais nada acerca do assunto.
Gostaria apenas que os portugueses que andam para aí a defender a Alemanha e a dizer mal de si próprios reflectissem sobre isto.
Claro que não tenho grandes ilusões...

Espanha: cão como nós...

"Dia negro para Espanha: finalmente acima dos 7%"
Por cá, nesta fase, toda a gente pedia troika...
Mas como é com a Espanha, que exige um resgate muitíssimo superior, está tudo "acagaçado" e faz-se como a avestruz. 
O pior cego...
Os juros teimam em subir? 
Sim. 
O crescimento da Espanha foi sustentado no consumo interno e especialmente na construção? 
Sim. 
Há uma bolha imobiliária? 
Sim. 
O défice é enorme e parte substancial dele (relativo às autonomias, a Madeira dos "nuestros hermanos, mas em grande) ainda está por descobrir? 
Sim? 
Os bancos contribuíram ou foram mesmo os principais responsáveis pelo endividamento desmesurado? 
Sim. 
Ladra? Sim. 
É cão como nós...

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Grécia: agora é que é (será?)

Alguém me sabe dizer qual é a diferença entre estes resultados e os das eleições anteriores?
Nenhum partido conseguiu sequer ficar perto da maioria absoluta, apesar daquela coisa esquisita de dar mais 50 deputados ao vencedor.
Continua a ser necessário haver uma coligação.
Mais: lá como cá, seria bom incluir a extrema esquerda no governo, para que esta não pudesse continuar a capitalizar o descontentamento das pessoas. E também porque talvez não houvesse um assalto tão descarado aos direitos dos cidadãos, digo eu na minha ingenuidade...
A única diferença que eu vejo é o facto de daqui a um mês serem necessários 2000 milhões de euros e eles só "entrarem" se a Grécia tiver um governo que aceite as regras impostas pela Alemanha.
Entretanto, passou mais de um mês...
Afinal, parece que os gregos não são assim tão radicais, porque o partido vencedor (ND) é o mesmo que levou o país ao défice de 12,7% em 2009 e que aldrabou as contas, fazendo-o parecer ser de “apenas” 6%...
Quanto ao PASOK, esse sim, foi mais uma vez fortemente penalizado por ter feito na Grécia aquilo que o PSD anda a fazer por cá: dar cabo do resto...

Cristiano: cri-cri-ticá-lo ou elo-elo-giá-lo?

Para mim estas coisas são muito simples. Se o Cristiano jogar bem (e, de preferência, marcar), elogio. Caso contrário, cri-cri-tico.
O futebol tem tanto de irracional como de paixão, pelo menos para os adeptos.
Tanto assim, que é normal ouvir o professor Marcelo, por exemplo, opinar sobre bola, mas seria patético ouvir o Figo ou o Rui Costa falarem sobre política ou, pior um pouco, sobre economia (deve ser por isso que ela está como está).
Como se costuma dizer, há dez milhões de treinadores em Portugal, cada um com as suas ideias.
Eu, se fosse o seleccionador, não faria as coisas de forma muito diferente do Paulo Bento. Comigo, o Cristiano jogaria sempre os 90 minutos.
Mas como sou só adepto, fartei-me de lhe cha-cha-mar nomes quando ele falhou escandalosamente aquelas duas oportunidades contra a Dinamarca e ontem fartei-me de o elo-elo-giar.
E assim vai continuar a ser.
Depende só dele...
Ce-ce-certo?
De qualquer forma, segue um link do youtube com falhanços escandalosos do Messi, para que se perceba que não há craque, por maior que seja, que não falhe.

Viva Portugal!
E a Grécia, ora essa, temos que ser uns para os outros, especialmente os pequeninos, pobres e calaceiros.
Ah!, e 'tá lá o Fernando Santos...

sexta-feira, 15 de junho de 2012

As democracias do norte e… as outras

Sondagem do Expresso:
«Relvas devia deixar o Governo»
Comentário do je:
Agora sair, o Relvas. Era o que faltava!
Essas coisas dos políticos terem que estar acima de qualquer suspeita são boas para os ingleses, alemães, etc.
Para as democracias do norte, em suma.
Esses tipos que têm umas manias esquisitas (transparência, boas contas...)
Cá não.
Cá pode-se perfeitamente continuar a exercer cargos políticos quando se é suspeito de corrupção, chantagem ou outras ninharias desse género, pois claro.
Não é, Portas (Moderna, submarinos, sobreiros...)?
Não é, Sócrates (Freeport, licenciatura, pressões, chantagens...)?
Não é, Cavaco (BPN, Lusoponte, CCB...)?
Espera!
O Cavaco não.
Este é "diferente".
Nem sequer é "político profissional"...
Coitado, não tem culpa de ter uma carrada de amigos mafiosos.
Ele não tem nada que ver com isso.
O Salazar também não deixou de ser honesto, só porque o regime dele era completamente podre de corrupção, cunhas e compadrio, ora essa!
Mas voltando ao essencial: como isto é um país de invejosos e más-línguas, está visto que o Relvas não só não é culpado, como é vítima.
Está bem assim, rapaziada da "situação"?
Então, toca a esquecer este assunto e vamos mas é trazer para as parangonas mais notícias do Sócrates, especialmente do Freeport, mas sem descurar a "licenciatura", as contas offshore e os 15 mil euros por mês em Paris.
Quanto ao governo, é deixá-los trabalhar descansados, que andam muito atarefados a liquidar o País, para o venderem a retalho...

E que tal... governar?

Agora que terminou o estarrabaço em torno do caso Relvas/Público, felizmente sem consequências de maior (‘tá bem, demitiram-se o adjunto do primeiro e a jornalista do segundo, mas trata-se de arraia miúda… e qualquer deles há-de ser compensado, mais dia, menos dia), podemos finalmente perguntar/afirmar:
Pressionar a comunicação social, para quê?
Por um lado, ela não só não incomoda ninguém, como é absolutamente bajuladora de todos os governos.
Porquê?
Porque isso é vital para a sua sobrevivência.
A comunicação social vive da publicidade, certo?
Ora, esta é essencialmente paga por meia dúzia de grandes empresas: bancos, grande distribuição, telecomunicações e energia. Para além do próprio Estado, claro.
E estas grandes empresas beneficiam (e querem continuar a beneficiar) de relações privilegiadas com o poder político.
Além disso, são elas próprias proprietárias ou accionistas da maioria desses órgãos de comunicação social…
Por outro lado, o povo é sereno.
Há mesmo quem lhe chame manso.
Na verdade, as pessoas não se indignam com nada, suportam tudo e mais alguma coisa, como se está a ver com esta coisa da troika, do «além» da dita, do «o povo não aguenta mais sacrifícios», do «é um total disparate que queiramos cortar os subsídios de férias e de Natal», do «vou criar 150 mil postos de trabalho», etc., etc.
Se o ditador-com-nome-de-zurrapa-que-ganhou-um-concurso-de-popularidade-na-tv viesse de novo ao mundo (vade retro Satanás!) diria com certeza:
– Porque é que me dei ao trabalho de criar a pide e a censura, se «o povo suporta todos os sacrifícios por amor à pátria»?
Por isso, volto à questão inicial: para quê pressionar a comunicação social?
Para quê, senhor ministro Relvas?
Para quê (ainda que fora de tempo), senhor ex-primeiro ministro Sócrates?
E se vocês não vissem tantos filmes e passassem simplesmente a ocupar o vosso tempo a… governar?
Dava jeito… e o povo ainda era capaz de agradecer.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Sabia que a água é uma gordura?


Assunção Cristas: Poupar 100 milhões
A ministra do Ambiente garante que será possível poupar cerca de 100 milhões de euros por ano através do Programa Nacional para o Uso Eficiente da Água.
Se Deus quiser, a ministra há-de ter sucesso com este programa. 
Sempre são mais uns trocos, que bastante falta fazem para a barragem do Tua.
Depois da abolição da gravata nos gabinetes e da fé (que teve resultados) no final da seca, a ministra da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território (MAMA... OT) acaba de anunciar a sua decisão de nos fazer poupar uma pipa de massa na água.
Pelos vistos, andamos a meter muita água...
Por mim, tudo bem, o vinho é bem mais do meu agrado, além de que bebê-lo é um acto patriótico.
Quanto a banhos, para começar, porque não tomá-los apenas uma vez por semana... numa bacia?
Era assim que faziam os nossos antigos e não morriam por isso.
Relativamente às necessidades fisiológicas, que tal fazê-las nas hortas e nos jardins?
Poupa-se água e aduba-se a terra.

Cambada de aldrabões!


Notícia do Correio da Manhã:
Governo não fecha cursos de Medicina
"A Ordem dos Médicos não deve ser corporativa e tentar diminuir o acesso dos jovens ao ensino da Medicina e dos jovens médicos às especialidades", afirmou ao CM o secretário de Estado adjunto da Saúde, Fernando Leal da Costa, garantindo que não vai deixar fechar cursos nesta área.
O governante sublinhou que o que o Governo quer é precisamente o contrário do que pretende a Ordem. "Queremos é que não haja nenhum corporativismo que encerre a profissão ao exterior", disse, sublinhando que, nesse sentido, o Governo tem vindo a aumentar os ‘numeros clausus’. "Não vamos consentir que eles sejam artificialmente encerrados", acrescentando que "o interesse nacional está acima do interesse corporativo". Leal da Costa frisou, no entanto, que para já também não vão abrir mais vagas nas universidades.
*   *   *
Notícia da Rádio Renascença:
Bastonário gostaria de ver mais vagas em Medicina. "Há falta de médicos"
O bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, mostra-se desagradado com a decisão do Governo de manter o número de vagas para os cursos do ensino superior no próximo ano lectivo, incluindo para Medicina. 
“Há uma necessidade premente de aumento médicos para dar resposta às nossas necessidades de saúde”, sustenta, em declarações à Renascença. 
Se aumentasse o número de vagas, “maior seria a possibilidade de se conseguir atingir os níveis desejados” de médicos e necessidades supridas, acrescenta. 
*   *   *
Mas o que é isto?
Pelos vistos, tanto o Governo como a OM estão de acordo com o aumento das vagas nos cursos de medicina.
Esta questão já é bem velhinha, há mais de vinte anos que se fala nisto.
Para o cidadão comum, há falta de médicos.
A culpa é da respectiva Ordem, que corporativamente o deseja, para que não lhes aconteceça qualquer coisa como aconteceu aos advogados, os quais, por serem tantos, acabam por ter dificuldade em ter trabalho.
A culpa também é do Governo, que nunca se consegue impor perante a força dos lobbies e das corporações, de forma a fazer prevalecer o interesse público.
Esta é, grosso modo, a minha percepção relativamente a este tema, tal como, julgo, a da maioria das pessoas.
Mas eis que no mesmo dia surgem, a propósito de uma louvável (e tardia...) decisão governamental de acabar com os cursos sem saídas profissionais, estas duas notícias absolutamente contraditórias.
Se estão ambas as instituições de acordo com o aumento do número de vagas para os cursos de medicina, óptimo, façam-no.
Agora que raio de informação é esta que nós temos em Portugal, que publica notícias destas sem confrontar os respectivos responsáveis?
Uma pessoa que leia apenas o CM fica com uma percepção completamente oposta à de outra que apenas ouça a RR.
Isto é só incompetência dos jornalistas, ou será também uma tentativa propositada por parte de uma ou das duas partes aqui em confronto, no sentido de confundir as pessoas?
C'um caraças...

terça-feira, 12 de junho de 2012

As crianças, os jovens e os outros...


A propósito da preocupação que a "humanista" e "grande pagadora de impostos" Lagarde manifestou relativamente às criancinhas africanas, tem havido quem tenha tentado aproveitar - e bem! - para tentar trazer à baila o tema da miséria africana.
Uns pelo drama em si, outros para recordarem mais uma vez o nosso grande desígnio: o mar.
Ah, o mar - ultimamente tão falado por quem noutros tempos o desprezou -, com os seus enormes recursos e como via de comunicação com outros continentes e com os respectivos povos, especialmente com os nossos irmãos lusófonos...
Mas deixando a questão da nossa situação estratégica para outras núpcias, concentremo-nos por ora na miséria que tanta gente sofre neste desgraçado mundo.
Na verdade, em termos práticos, não me parece que alguma vez tenha existido grande interesse por esse tema.
Quanto ao interesse mediático, isso já é outra história.
Mas a atenção do público é o que é, não se consegue debruçar muito tempo sobre nenhum assunto.
A não ser, talvez, sobre telenovelas, concursos televisivos ou competições futebolísticas.
Estamos portanto numa fase em que, por uma questão de (fora de) moda, mas principalmente porque nós próprios vivemos uma crise bastante acentuada, Portugal e a Europa estão mais preocupados consigo próprios do que com a África.
(Até porque, se é verdade que a África, a América Latina e a Ásia têm miséria demais, não é menos verdade que o "ocidente" também tem milhões de cidadãos a viver em condições extremamente precárias.)
Esta crise que Portugal, os países periféricos e a UE, no seu conjunto, vivem até é, numa certa perspectiva, saudável, porque vista à distância trata-se aparentemente de os chamados "países ricos" deixarem de viver acima das suas possibilidades, baixando o nível de vida exageradamente elevado de que têm desfrutado para patamares mais sustentáveis, ao mesmo tempo que os países "emergentes" vão subindo o seu próprio nível de vida, diminuindo assim as enormes desigualdades que ainda nos separam.
Esse nivelamento, se existisse, até seria desejável, uma vez que é profundamente imoral uma minoria de seres humanos "predarem" a maioria dos recursos do Planeta, enquanto a maioria mal consegue sobreviver.
Só que quem está a empobrecer na Europa são os países que já eram mais pobres, assim como dentro de cada uma das sociedades europeias são as pessoas mais carenciadas que empobrecem cada vez mais, ao passo que os mais ricos continuam a consumir como se não houvesse amanhã.
Tenho muita pena da miséria da África, do Brasil, de Timor, da China, da Índia...
Mas isso não significa que não lutemos nós, "ricos", por um futuro melhor.
Aqui em Portugal, além das profundas desigualdades sociais que infelizmente nos caracterizam, confrontamo-nos actualmente com outro enorme drama: o desemprego.
O desemprego é uma coisa terrível para quem o sofre e para a respectiva família, por razões económicas, mas também sociais e culturais.
O desemprego jovem é uma tristeza, porque, saída das escolas, a nossa juventude quer emancipar-se, trabalhar e ser útil à sociedade e vê-se forçada a continuar a viver sob o amparo dos pais, sem perspectivas de futuro a curto/médio prazo.
Desgraçadamente, essa juventude não consegue consciencializar-se da grande oportunidade que lhe bate à porta, desperdiçando-a, consequentemente, sem honra nem glória...
Mas o desemprego "sem ser jovem", de homens e mulheres casados e com família, é seguramente uma tristeza e uma tragédia muito maior, especialmente quando atinge as pessoas naquela faixa etária em que são "novas demais para se reformarem, mas velhas demais para arranjarem emprego".
Para o País, que precisa desesperadamente de produzir mais e desperdiça desta forma a sua maior riqueza - as pessoas - é um fracasso completo.
Esta é a realidade vista pelos meus olhos.
Sou talvez pessimista...

segunda-feira, 11 de junho de 2012

“Iluminados”: mais do que incompetentes, uns ladrões!


Notícia do Expresso:
 “Espanha pagará juros iguais aos de Portugal
Taxa de juro do empréstimo para a banca espanhola será idêntica à exigida a Portugal, Irlanda e Grécia.
A taxa de juro que Espanha terá que pagar pelas tranches iniciais do empréstimo pedido à zona euro para recapitalizar os seus bancos será idêntica à que atualmente é paga por Portugal e Irlanda e deverá rondar os 3%-4%.”
Como é que é a mesma taxa...  Se Portugal paga 4,5%?
A União Europeia ainda não sabe qual vai ser a taxa, mas diz que vai ser entre 3 e 4%.
Ora, entre 3% e 4,5% há uma diferença muito grande, mais propriamente 50%.
Não interessa se a nossa situação não é “bem” igual à da Espanha, o que interessa é que ambos precisamos de resgate e a UE deveria ajudar todos nas mesmas condições.
Já bem basta Portugal ter que pagar quase 35 mil milhões de juros pelos 78 mil milhões da "ajuda".
E entretanto a Alemanha financia-se a um por cento!
Querem-me convencer que isto é justo?
Há até quem diga, para justificar a diferença de juros entre nós e os espanhóis, que é muito mais arriscado emprestar a Estados do que a bancos!
Quer dizer: os bancos, a nível mundial, é que nos trouxeram para esta situação, com os empréstimos a torto e a direito, e sem garantias reais, que fizeram.
Depois, para evitar que vão à falência – porque os bancos, ao contrário das empresas “normais”, não podem falir… –, os Estados nacionalizam-nos ou recapitalizam-nos, à custa do contribuinte, e agora é mais arriscado emprestar a Estados do que aos bancos?
Somos todos parvos ou só nos querem fazer?
E depois vêm estes "iluminados", principalmente economistas, mas também jornalistas e políticos, tentar convencer-nos de que somos todos uns grandessíssimos caloteiros e que temos é que pagar e não bufar!
Para nos achincalhar já temos os alemães, não precisamos de o fazer a nós próprios.
Principalmente quando esses “iluminados”, na sua esmagadora maioria, não souberam prever e denunciar publicamente o caminho de desmandos que trilhámos durante anos.
Agora é que falam!
Pois muito obrigado, mas gente que acerta no euromilhões depois do sorteio não só não faz falta como se torna ridícula!
Sinceramente, quanto mais ouço esta gente elogiar o "espírito de sacrifício" dos portugueses, mais aprecio a garra e a insubmissão dos gregos.
Uns mansos é o que os portugueses são!
Porque se não fossem, já tinham acertado o passo a estes "iluminados" que falam de barriga cheia!
Temos o País cheio de gente desta, seja na política, nas empresas ou na Administração Pública.
Ganham (ganham não, recebem…) balúrdios, apesar de serem os verdadeiros responsáveis pelo estado a que chegámos.
Mas pronto, já todos sabemos o que é que vai acontecer nos próximos tempos: uma diminuição dos salários.
É garantido!
Apetecia-me dizer: “eu vou é voltar para a ilha”!
Mas qual? A Madeira?
Chiça!…

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Afirma Passos


No Expresso:
1.      Portugal está hoje mais forte
Hã? Podes repetir?
2.      Ao fim de um ano de Governo, os portugueses já não estão perante o abismo
Pois não. Já caíram.
3.      A economia beneficia da mudança mais importante dos últimos 50 anos
Ou seja, a maior taxa de desemprego desde que já registos.
É bom para as empresas, que assim dispõem de mão-de-obra abundante e, consequentemente, baratinha.
4.      Portugal está muito mais preparado para receber investidores
Sempre a mesma m. dos investidores estrangeiros. Há uma série de anos Portugal teve alguns investidores estrangeiros por causa da sua mão-de-obra barata. Depois apareceram os países de Leste, ainda mais baratos, e os “investidores estrangeiros” foram para lá. Agora o nosso governo está a fazer tudo para os trazer de volta. Como? Baixando os salários, criando uma enorme bolsa de desempregados e retirando em menos de um ano direitos laborais que demoraram décadas a conquistar. Estamos, portanto, a tentar concorrer directamente com a China. Escusado será dizer que ainda não começámos e já perdemos …
5.      Vamos iniciar um novo ciclo de investimento
Quando?
6.      Portugal poderá recuperar o dinamismo da sua procura interna, assim que tenha realizado o seu ajustamento interno também
Deixa-me adivinhar, daqui a uns três anitos, certo?
7.      Portugal está a conquistar progressivamente a confiança dos mercados
Mal Benditos mercados, que com tanta confiança nos estão a fazer o mesmo que o cigano fez ao burro…
8.      Os últimos dados estatísticos permitem acreditar que algo está a mudar na direcção de um ciclo de retorno ao investimento e ao crescimento
Estatística: a ciência que diz que se eu comi um frango e tu não comeste nenhum, teremos comido, em média, meio frango cada um.
Estatística: a arte de torturar os números até que eles confessem
9.      A mudança em curso é talvez mesmo a mais relevante desde que Portugal integrou a Associação Europeia de Livre Comércio, em 1960
Eu ainda cá não estava nessa altura. O que é que aconteceu? Morreu muita gente de fome?...
Livre comércio? Com a Alemanha a vender e os outros a comprarem, que raio de comércio é este?
10.  Hoje é patente, mesmo para os mais cépticos, que o Governo tem uma ideia clara para a economia portuguesa, que passa por mais democracia económica e diversificação nos mercados
O governo tem o quê? Ah, sim? E qual é? Dar cabo do resto? Pois, só se for… Misturar na mesma frase palavras como “democracia” e “mercados”, só pode ser para a gente se rir um bocado…
11.  As reformas estruturais estão num caminho correcto em Portugal
Quais? A viver à custa do Estado, entre activos, desempregados e reformados, já são mais de cinco milhões. Empresas (e empregados), cada vez há menos. A Saúde, até há pouco tempo a única coisa em que conseguíamos pedir meças aos países mais avançados, caminha para o desastre. Ah! Já percebi, Cavaco disse, a propósito dos funcionários públicos: “Só nos resta esperar que acabem por morrer.” Estamos portanto a acelerar um bocadinho as coisas, não é verdade?
12.  Reformas no caminho certo no mercado laboral, na mobilidade de pessoas e bens, proporcionadas com as reformas que estão também a emergir do arrendamento habitacional, na gradual eliminação dos tradicionais défices da economia portuguesa, como por exemplo na área energética e dos transportes, nos contratos de concessões, na reforma do mapa judicial e nos códigos de justiça, na reforma autárquica, na eliminação das barreiras ao investimento, na eliminação ou redução de custos de contexto, como é o exemplo do 'licenciamento zero', na reestruturação das empresas públicas, principalmente no sector dos transportes, na exigência de mais concorrência no mercado, entre muitas outras matérias
Ufa! Tens a certeza que fizeste isto tudo? Como dizia o outro, “modéstia à parte”. Ó povo ingrato…
13.  É indiscutível o êxito do processo de privatizações
Pelo menos para quem compra. Quanto ao País, o défice continua a aumentar…
14.  Elogio à grande capacidade de resistência dos portugueses
Como disse acima, somos como o burro do cigano…
15.  Têm suportado, em nome do interesse nacional e de uma esperança no futuro, grandes sacrifícios…
Em nome do interesse nacional, não é? A tua sorte é que o povo é sereno…
16.  … Como o fazem os nossos desempregados
Mau! Então mas o desemprego não era uma oportunidade para se mudar de vida?
17.  A zona euro atravessa um momento crucial, os próximos três meses serão decisivos
Ainda três meses disto? Olha o burro do cigano…

terça-feira, 5 de junho de 2012

Para quem dizia que ia ficar tudo na mesma...

... Afinal, como vêem, não fica:
Maria José Oliveira despediu-se do "Público"

Assim é que é, estas coisas têm que ter consequências, 'tamos a brincar ou quê?
Não se chama assim ALDRABÃO a um ministro impunemente, caraças!
Se isto não significa uma assunção de culpa, significa o quê?
O quê? 
É sempre a mesma merda, quem se lixa é o mexilhão? 
Mas o que é que queriam? 
Parece que a gaja andava enrolada com um deputado da oposição, ou lá o que era, 'tá-se mesmo a ver que isto foi tudo orquestrado para lixar o senhor ministro Relvas...
Pois... não fazem nem deixam fazer...
Ouçam bem, seus xuxalistas e comunas e esquerdalhas e outros que tais:
DEIXEM-NOS TRABALHAR!
O excelentíssimo senhor doutor Miguel-Saiu-Lhe-O-Diploma-Na-Farinha-Amparo- Picareta-Falante-Mente-Com-Quantos-Dentes-Tem-Na-Boca-Relvas é um grande ministro, pá!
Por isso é que querem correr com ele, porque sabem que ele é INDISPENSÁVEL para fazer as reformas necessárias para colocar novamente o nosso País no caminho da PROSPERIDADE!
Vão ver (os que lá chegarem) se daqui por três anitos isto não está tudo nos eixos.
Agora têm que parar com estas intrigas e aldrabices e vigarices.
Que diabo, o que é que o ministro tem que ver com as ditas cujas do Silva "Bond" Carvalho? 
Esse gajo até foi nomeado pelo Sócrates... 
Se calhar, bem investigadas as coisas, ainda se vai descobrir que ele também andou metido no Freeport...
O ministro Relvas apenas bebeu um cafezinho com ele...
E trocou uns SMSzitos por cortesia.
Pronto, saiu a jornalistazeca e saiu o adjunto do ministro, que também se tinha armado aos cucos (ó Adelino, tem lá paciência, deixa esta gaita arrefecer que a gente arranja-te qualquer coisa...).
Vamos lá mas é esquecer isto e trabalhar com força.
Aliás, Sua Excelência nunca tinha - apesar de toda esta conspiração contra si - parado de trabalhar, com toda a sua energia, em prol da Pátria, que tanto precisa de quem a tire do buraco em que a meteu o Sócrates.
Pois.

O António Borges ganha 225 mil e paga zero de impostos*

Eu adoro bicharada.
Tanto, que faço minha a célebre frase de Alexandre Herculano:
"Quanto mais conheço os homens, mais estimo os animais".
O único animal à face da Terra capaz de morrer tanto de fartura como de fome é o Homem (não o mesmo homem, claro).
Em todas as outras espécies, havendo comida disponível e saúde, nenhum animal passa fome. Muito menos algum morre de fartura.
Porque, ao contrário do Homem, um animal apenas necessita de ter a comida indispensável para viver.
O Homem, não.
Tem "ambição".
Quer sempre mais, nunca está satisfeito com o que tem.
Há quem diga que há dois tipos de pessoas:
As ambiciosas e as invejosas.
As ambiciosas são as que alcançam a riqueza.
As invejosas são as outras.
Portugal é um País de invejosos…
Há dois tipos de ambiciosos:
1. Aqueles que alcançam a riqueza em consequência de a terem criado também para a sociedade;
2. Os outros.
Os primeiros enriquecem a sociedade.
Os segundos empobrecem-na.
Estes são, sempre foram e, pelos vistos, vão continuar a ser claramente dominantes neste desgraçado País.
São excelentes (excelentíssimos...), mas nunca criaram um tostão de riqueza que fosse.
Por exemplo, os economistas: temo-los para aí às dúzias, quase todos ostentando currículos impressionantes, com mestrados, doutoramentos, MBA, e muitos até já com livros publicados (que provavelmente ninguém leu).
Contam-se pelos dedos os que alguma vez na vida foram capazes de criar uma simples empresa.
Muito menos uma empresa capaz de fabricar um produto daqueles que se exportam ou que substituem importações, criando de caminho uma série de empregos qualificados e bem remunerados.
E muitíssimo menos uma daquelas que aparecem destacadas nos "rankings" de satisfação dos trabalhadores.
Economistas “excelentíssimos” desses há poucos, muito poucos.
Mas economistas que, antes de ostentarem os tais currículos impressionantes, no início das suas carreiras, começaram por se filiar num partido político, preferencialmente num dos do "arco do poder", desses há por cá muitos.
Alguns andaram uns anos pelo Parlamento, outros “esbanjaram” o seu saber nas Universidade, até que algum iluminado se lembrou de os chamar a tarefas governativas.
No desempenho dessas tarefas queixam-se muito de que ganham pouco e que só lá estão por amor à nação.
No final das respectivas comissões – e apesar de serem normalmente rotulados de incompetentes –arranjam sempre um tacho são invariavelmente chamados a desempenhar cargos importantes e (agora sim!) muitíssimo bem remunerados, em empresas públicas ou privadas.
É injusto dizer isto dos economistas, dirão alguns.
Até porque os advogados são os que têm pior fama, com as suas leis feitas à medida para safar clientes cheios da massa.
Então e os gestores, tanto os que gerem as empresas públicas, como os das privadas que fazem parcerias com o Estado?
E os engenheiros (incluindo os que acabam os cursos ao domingo)?
E os de Relações Internacionais?
E os…
E entretanto o País continua a empobrecer,  a austeridade a aumentar, a Educação, que já não era grande coisa, a piorar, a Saúde, que até era das poucas coisas que nos permitiam ombrear com os países mais avançados, a piorar, a Justiça (Ah! Ah! Ah!), na mesma, que não se pode cair mais quando já se bateu no fundo, e esta cambada dos BPNs e dos BPPs e dos Freeports e das PPPs a enriquecer…
Gosto tanto da bicharada…

*É esta a "sumidade" que defende que reduzir salários "é uma urgência"...