terça-feira, 30 de outubro de 2012

Antanáclase...

«Nos Estados Unidos, dez estados declararam o estado de emergência.»  

Carlos Daniel, noticiário da RTP

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Mais 7,5 mil milhões para os bancos. É de mais!


Numa crise como esta, com os portugueses a sofrerem a maior carga de impostos da sua história e com o governo, apesar disso, a falhar clamorosamente todas as metas a que se propôs em matéria de redução do défice e da despesa pública, como é que este governo ainda tem a pouca vergonha de pôr de lado 7,5 mil milhões de euros para uma "eventual necessidade de recapitalização dos bancos"?
Não percebo nada de finanças nem de economia, mas não me digam que isto tem alguma coisa que ver com economia de mercado.
Os bancos, que têm uma enormíssima responsabilidade na situação de dívida excessiva que atingimos, tanto pública como privada; que pagam menos impostos do que as outras empresas; que são contra toda e qualquer regulação; que dão lucros de milhões; apesar de tudo, precisam que o governo nos esmifre mais 7,5 mil milhões para uma "eventualidade". 
Entretanto, continuam a investir nas dívidas dos países, portuguesa incluída, porque é mais lucrativo, em vez de financiarem a economia real, que é a verdadeira razão da sua existência.
E o Vítor "Rapa-tudo" Gaspar ainda goza connosco, quando diz que há "um enorme desvio entre o que os portugueses [o melhor povo do mundo] acham que devem ter como funções do Estado e os impostos que estão dispostos a pagar".
Como se alguma parte deste "enorme aumento de impostos" servisse para outra coisa que não para pagar, não a dívida, mas sim os juros da dívida.
É de mais!

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Vem aí o assalto final...

O presidente do BPI - que este ano já deu mais de 100 milhões de lucro - não quer que seja posta em causa a constitucionalidade do Orçamento Geral do Estado, porque "não podemos estar sujeitos à ditadura do Tribunal Constitucional". 
Alguns empresários têm dito repetidamente, a propósito das greves que vão ocorrendo, nomeadamente nos transportes e nos portos, que, "sem querer pôr em causa o direito que as pessoas têm de as fazer", é necessário travá-las, porque "dão cabo do país".
Diversos banqueiros, empresários, políticos e comentadores têm alertado para a necessidade de alterar a Constituição, pois esta é "um travão" às "medidas de austeridade necessárias" para recolocar no "rumo certo" este país que "tem vivido acima das suas possibilidades".
O direito à greve, o Tribunal Constitucional e a própria Constituição surgem assim como as novas "forças de bloqueio".
O estado social, os direitos adquiridos, o direito à educação, à reforma, à protecção no desemprego e na doença, tudo isto e muito mais está em causa.
O Gasparzinho ataca as reformas, o subsídio de desemprego, as baixas e o RSI.
O próprio direito à alimentação está em causa, como se comprova pelo alarmante aumento de pessoas que têm que recorrer à sopa dos pobres.
Para grande alegria do primeiro-ministro, dos bancos e até, pasme-se, da Igreja, são aos milhares os portugueses que têm que sair do país para poderem trabalhar.
Aqui e ali, algumas pessoas vão ficando sem telefone, sem internet, sem televisão ou simplesmente sem electricidade, por falta de pagamento ou por causa dos repetidos furtos de cobre. Outras vezes, são as tampas dos esgotos e das sarjetas que são levadas, deixando as estradas com buracos extremamente perigosos para quem nelas circula. Assaltos a multibancos, são quase diários.
Ferreira Leite chegou a defender a suspensão da democracia como única forma de se conseguir equilibrar as contas. Na última vez que isso aconteceu, a "suspensão" durou, não seis meses, mas sim quarenta e oito longos anos.
Entretanto, o ex-secretário de Estado das obras públicas Paulo Campos, talvez amuado por ainda não ter conseguido um tachão numa empresa das PPP, queixou-se publicamente de ter que viver à custa dos papás, porque 3500 euros por mês não lhe chegam.
O próprio presidente da República também diz que dez mil euros por mês são insuficientes para as suas despesas, apesar de ter carro, cama, mesa e roupa lavada. As más línguas (credo!) dizem que gasta mais do que o rei "caça elefantes" de Espanha.
Que mais nos irá acontecer?...

Escrevam por extenso, caramba!


«Mil trezentos e cinquenta e sete mil milhões de euros», acabo de ouvir no noticiário da RTP.
O mesmo locutor dissera momentos antes, referindo-se ao provável reforço da ajuda europeia à Grécia, «dezoito milhões de euros» em vez de «dezoito mil milhões de euros». E não se trata de um jornalista «maçarico», mas pelo contrário de um profissional experiente e de créditos firmados.
Estou farto de ouvir na televisão e na rádio e de ler nos jornais disparates deste género.
Estas calinadas, longe de se poderem apenas considerar ridículas ou risíveis, são graves porque induzem o público em erro.
A explicação para a recorrência destes erros grosseiros na comunicação social é, obviamente, a incompetência de quem não sabe ler números.
Mas, como é difícil ensinar a profissionais (supostamente) qualificados coisas que eles deveriam saber desde a escola primária, talvez fosse mais simples escrever os números por extenso.
Digo eu...